segunda-feira, 28 de março de 2011

Brincando no sítio.

No sítio nem sempre dava para brincar igual se brincava na cidade.Por lá, empinar papagaio, rabiola, cangula ou curica ficava um pouco difícl, os galhos dos mututizeiros, andirobeiras ou ucuúbeiras não permitiam. Quem morava na várzea, o tijuco dificultava o jogo de bola. Quando estava seco, aparecia a tabatinga e a raiz dos açaizeiros esbandalhavam os pés, sem contar que, as bolas de sernambi, seringa,mangada ou aninga nem sempre estavam à disposição. Pneus, como chamávamos para as bolas que os jogadores usam, por lá não tinha, era muito caro.Brincar de assassina, também ficava difícil. O jeito era trançar folhinha-verde e deixar o tempo passar. As meninas quase não brincavam de mãe-de-barra.Contudo, o divertimento nunca faltou. Quer melhor do que ao pular n'água, da raiz do mangueiro ou do galho da momorana  e virar uma carambela no ar? Brincar de pira no igarapé com a maré grande? Pegar um sapato esbandalhado e tirar o couro para fazer um saco de baladeira ou procurar nos breguessos alguma coisa que sirva para improvisar algo para brincar? Tínhamos que usar a criatividade. Uma sapopema de mututi, sequinha, talhada e bem preparada, dava e dá um excelente barco para porfiar com outros barcos no rio.O miriti que sobrava, depois de seco podiámos tirar as tábuas e fazer uma igarité, ficava joinha, joinha.Com miriti também faze-se bonecos, canoas, passáros e outros brinquedos. Em Abaetetuba tem uma cooperativa de artesãos que trabalham só com miriti. Os meninos mais habilidosos faziam pião do galho da goiabeira. Se desse, poderíamos brincar com peteca e aí ficava fácil porque, abicorar atrás de uma raiz é covardia e quem conseguia um aço ou um bom balão estava feito, se fosse o fona, era a gloria. No interior as brincadeiras são saudáveis, por lá, ninguem malinava com ninguem.As meninas, de um modo geral, faziam suas bonecas de restos de pano ou usavam as frutas da pitaiqueira para talhar outros brinquedos. Podíamos usar o carôço do tucumã para fazer inúmeros bichinhos. Pode-se fazer uma verdadeira "fazenda" com o carôço do tucumã. Em último caso, se fosse difícil arranjar uma brincadeira, pegava-se a montaria, ia-se para a dobra do igarapé e remava-se bem forte até o porto, porfiando com um competidor imaginário ou tomava-se banho na chuva enquanto o Papai fumava, sentado no jirau e a Mamãe deitada na rede de vez em quando alertava – Saí dessa chuva, olha a constipação! Bincadeiras no interior não faltam.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Pense antes de responder.

Como já postei aqui no Blog, um relatório se bem analisado, pode nos proporcionar uma ajuda inestimável para tentarmos sanar as deficiências, manter os processos que estão dando certo ou mudar aqueles que estão emperrando a “máquina”. Contudo, a maior ajuda é identificar falhas e, posteriormente criar meios de evitá-las. Um relatório é muito util para quem tem a missão de gerir alguma coisa. Mostra como está a gestão. Olhando o relatório da Controladoria Geral da União (CGU), originado da auditoria em Ponta de Pedras, o Prefeito, para justificar a falha constatada afirma que a mesma  ocorreu devido - A INEFICIÊNCIA DO SERVIDOR.Talvez isso seja verdade.No entanto, ao responder dessa forma, o Prefeito deu um tiro no próprio pé, demonstrou que não está bem familiarizado com as Leis Municipais e atribuiu a sí próprio a verdadeira causa da deficiência. Senão vejamos: a Lei do Plano de Cargos e Carreiras da Prefeitura, que é obrigatório existir em toda prefeitura, deve indicar os cargos existentes no Poder Executivo, em termos qualitativo e quantitativo. É nessa Lei que deve constar as qualificações dos servidores municipais. O plano é fundamental para que seja estabelecida a política de recursos humanos do município (recrutamento, seleção,treinamento,avaliação e remuneração), de tal forma que, permita ao município ter servidores competentes em cada função. Dizer que um servidor é ineficiente, é dizer que o responsável pela preparação dele (servidor) não está cumprindo adequadamente suas atribuições, já que compete a Prefeitura (Prefeito) a responsabilidade pela preparação do mesmo, isto é, se o servidor é ineficiente quem seria o culpado? Dessa forma, o relatório nos mostra que os servidores pontapedrense, TODOS, precisam treinamento adequado para que nas próximas auditorias essa constatação seja evitada.

sábado, 19 de março de 2011

hoje é sábado, dia de festa.

No Igarapé Giticateua, onde eu morava, tinha uns rituais estordes aos sábados, dia dos preparativos para as festas que íamos em algum lugar. Não existia um lugar específico para os eventos dançantes, tinha sim, aqueles que mais amiúde organizavam as festas. Dizíamos que nesses casos, era para caçar níquel. Bom, pela manhã, as moçoilas que por por lá eram chamadas “as piquenas”, saiam para o mato pra procurar uma guaximgubeira pra extrair o leite da árvore e assim tirar o açaí que fica na mão da pessoa quando tem que amassar a frutinha para retirar a polpa. O “velho” ia dar uma volta no mato e procurar uns sacaís de madeira pra fazer fogo e conseguir umas brasas para por no ferro para passar a roupa. A melhor lenha pra fazer brasa, sem dúvida nenhuma, é o pacapeuá. O ferro de passar era aquele tipo “navio”, que a fumaça sai pela frente e pesa bastante, para levantar é preciso ter sustança. As roupas eram guardadas num baú e para perfumá-las colocava-se pau d’angola, ficavam cheirosinhas.Os pirralhos iam de calças curtas e camisa por baixo da calça. A rapaziada ia de calça de nycron,mas quem fosse bom de perna, de um modo geral tinha preferência por linho, que depois de bem passado e enrrolada a perna da calça de baixo para cima, parecia que tinha sido plissada. A camisa, normalmente era de tricoline ou de linho bem engomada. Os sapatos, alguns tinham marcas de tijuco da última festa, mas com um paninho, pronto, ficava novinho, pois, só eram usados nessas ocasiões, fora disso era descalço mesmo. Devido andar muito descalço o pé da gente ficava igual a um remo de pitaíca e ainda por cima fica tuíra. Não íamos vestidos para a festa, levávamos as roupas, bem arrumadinhas numa maleta. Maletas eram sempre um objeto de estimação, cada família tinha a sua e, às vezes, o rapaz tinha uma personalizada, com palavras ou desenhos feitos na tampa da mesma. A madeira da maleta normalmente era cedro. As piquenas levavam suas pinturas em frasqueiras, era chic. Quase tudo pronto, digo quase porque ainda falta a mutamba ou a vazelina para o cabelo e o estrato para passar depois de vestido, o pente flamengo ou de chifre nada mais é que um complemento. Feito isso, remo na mão, um terçado e uma lamparina no paneiro, a cuia para tirar água da montaria e lá íamos nós, não esquecendo de pedir a Deus para vigiar a nossa casa, mesmo não tendo paredes, portas ou qualquer meio de segurança, tinha somente um quarto no meio da casa, mas o quarto não tinha porta, só um pano pendurado, era a cortina.Quando voltávamos,já tarde da noite, cansados e fazendo os comentários dos acontecimentos, ainda comia-se uma lata de sardinha, se tivesse açaí ainda bebíamos e tudo estava exatamente como tinhamos deixado. Isso era no meu tempo!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Noticías de ponta de Pedras

Não faz muito tempo, era comum vermos pelas ruas, pessoas, principalmente homens, usando canetas das mais variadas marcas presas no bolso da camisa, uma pequena maleta na mão e uma agenda onde anotava os principais fatos do dia. Quem podia usava uma caneta parker e os menos abastados, uma caneta comum, uma bic.A pasta, como era comum chamar, podia ser uma samsonite ou outra mais em conta, mas teria que ser uma 007 e a agenda, de um modo geral era brinde. Para completar a “andaina”, muitos carregavam um jornal ou revista para ficarem melhor informados sobre os acontecimentos. Qualquer pessoa usava. Do mais humilde ao endinheirado, do vendedor ambulante em dia de folga ao político nas suas andanças.Tinha que estar bem informado. Dava státus.
Com a criação da internet em 1969, o cenário cotidiano é outro.Aos poucos as pessoas começaram a usar seus notebooks para substituir, canetas, cadernos, pastas 007 e agendas, apesar de algumas bolsas (deixou de ser maleta) para transportar computador pessoal ser muito semelhante à uma 007. Hoje praticamente não precisamos de jornal, revista, livros, rádio e outros tipos de midia para mantermo-nos informados, podemos carregar nosso computador pessoal para qualquer lado e verificar o que quizermos, de onde estivermos – ESTÁ TUDO NA INTERNET.
Entretanto, nem tudo são flores, embora pareça. A necessidade de um equipamento e outras facilidades se faz necessário, como: computador, disponibilidade de internet no local e outrs serviços que nem sempre o simples usuário pode adquirir com recursos próprios. Para isso, temos que considerar a atuação dos Governos, para possibilitar a disponibilidade do serviço e, eventualmente, disponibilizar essas facilidades para aqueles que não podem comprar, principalmente as crianças que estudam em escolas municipais, como é o caso de Ponta de Pedras.
No meu Município, a internet ainda é pouco utilizada, bem como outro meio de comunicação. Não temos um jornal - tudo bem, o maquinário é caro, também não temos nenhuma revista nem banca para vender. As notícias são veiculadas pelas rádios que temos por lá – É POUCO.
A Prefeitura, deveria criar um sitio, disponibilizando informações sobre a administração, interligando escolas e outros setores do Executivo.A Camara Municipal, poderia disponibilizar informações sobre o desempenho de cada Vereador.Os políticos municipais, Prefeito e Vereadores, deveriam criar seus sitios ou senão blogs para informar seus eleitores sobre seus projetos pessoais e dar uma satisfação, se possível diária, da atuação de cada um. Esses politícos só aparecem na hora de pedir votos, depois, sabemos que são membros da Camara porque alguém diz: - aquele ali é o vereador fulano de tal. É uma pena.
Acho que Prefeito e Vereadores têm muito que dizer, principalmente em seu próprio benefício e fazer um sítio não custa tão caro. A Prefeitura dispõe de mão-de-obra especializada bem pertinho,é só querer. Os demais, que não podem pagar ou têm outros projetos de investimento podem optar pela gratuidade, existe a possibilidade de se fazer sitios e blogs gratuitamente, além, é claro, de possibilitar a cada um, o saudável exercício de escrever. Não adianta adiar, a internet terá que fazer parte da vida de cada um. Ignorar isso é estagnar,é ficar alheio aos acontecimentos, não acompanhar o avanço da modernidade e olha que nosso Município está nesse estágio já havia bastante tempo. Precisamos sair da inércia. Será que nossos políticos ainda andam com maleta 007 na mão, caneta bic no bolso e uma agenda para fazer anotações dos acontecimentos e carregar consigo? Acho que estamos mal de liderança

segunda-feira, 14 de março de 2011

burriscando no sítio.

No sítio, tem épocas que burrisca o dia todo. Nesses dias, comumente dizemos que o jacuraru rói-o-rabo. No fogão, a trempe fica vazia, somente aquelas achas de pecapeuá estão dispostas para muquear um pedaço de comer que, nesses dias, fica bastante vasqueiro.O cobó metido na palha ainda está pitiú do jaraqui que foi riscado no dia anterior – na maré da tarde dá alguns jaraquís, mandubés e camarões, miúdos mas não chegam a ser aviús. O Telegrama, enrrodilhado no pé do esteio de acapú, próximo da virafolha e rompemato, mais parece uma peconha, sabe-se que não é porque, eventualmente, ergue a cabeça para espiar o que está acontecendo – tem um faro excelente, sem igual pra caçar um peba e pra acuar um porco – axi, que exista outro igual. No jirau, a chicolateira ainda tem uma rebarda de borra; o alguidar está virado, a cuia pitinga dentro da panela de barro que está vazia, parece pedir socorro – não tem água e a maré está seca, quase esturricada. O miritizeiro liso dificulta ficar em cima, só mesmo segurando no mará.A mantaria, um pouco esbandalhada, está parcialmente enterrada no tijuco, só dá pra ver o gaviete e a rudela. Se não tiver um rombo, é porque a água entrou por cima do pavês.Ainda bem que tiraram o faia e a forqueta. Dia difícil.
Como está não é aconselhável ir tirar mandioca; nesse caso, o aturá e o tipiti,podem ficar ali mesmo, presos no espeque.Com esse tempo, também o difruço ataca “no barde” e no momento não tem lambedor.Com a várzea encharcada é fácil pegar um mijacão. Os xirimbabos ficam tristes. O bacurote está baquiado, a bácula fica só deitada,mufina, não emprenha porque o barrasco está emprestado e a porca, amamentando seis bacurinhos piquixitos, precisa de comer. O peor é ter que enxotar os xirimbabos do caroçal, alí tem imissidade de mucuim e mutuca, se a porca pegar mina de mucuim certamente uma bicheira se instalará e aí o jeito é tratar com creolina. Creolina nem sempre está disponível. Todo cuidado é pouco. A bóia é o tradicional: açaí com camarão frito.Mas o açaí, como ainda está verduengo, temos que apanhar alí perto do sororocal onde ainda tem uma puntinha com uns cachinhos, se os tucanos e araçarís não comeram tudo.Só tem umas vassourinhas que estão pretas.Com as árvores lisas e com esse haver de tataíra, trepar nelas fica arriscado.Uma escorregada e babau galheta. O jeito é apanhar alguns cachos de açaí paró. Não é do bom mas dá pro bebe. Uns peixes de um poço seriam benvindos mas com esse burrisco não tem tapagem que aguente. Pegar uns peixes no sulapo seria outra alternativa mas os jandiás, os candirús e os maruins devem estar só esperando. Poderíamos ainda tirar uns turús ou pescar, mas, a água está muito tipitinga. Assim não dá. Vamos ficar só com os camarões com açaí. O pitisqueiro está quase vazio, tem uma rebarba de farinha na lata mas deve ter ficado mole.Esse tempo não permite que o pai lourenço seja retirado e pode estar apodrecendo na roça, enquanto isso,tucandeira e tapiaí fazem a festa e o camapu bamburra. Que fazer? Esperar a noite chegar e se não tiver farinha, o jeito é amarrar a rede num caibro, destrançar bem o cairé, fazer um café com o restinho da borra, deitar e se a frieira perturbar, coçar na beira da rede (deve-se ter cuidado com a baranda para não machucar os dedos) e com ajuda de uma lamparina, ler o Pavão Misterioso até o sono chegar pois aí o burrisco não atrapalha (a menos que seja preciso ir na retrete). A palha de buçu bem mupicada impede que o mesmo perturbe. Amanhã se o burrisco passar e não cair nenhum toró a gente vê. Será um novo dia.

domingo, 13 de março de 2011

A estratégia de cada um.

Nossa principal meta na vida é sobreviver. Tudo que fazemos, na minha opinião, visa unicamente nossa sobrevivência, embora muitos pensem o contrário. Ninguém estuda para andar com diploma embaixo do braço, ninguém trabalha para depois apreciar sua obra. Todos têm como objetivo receber alguma recompensa pelos seus feitos, comprar conforto e viver tranquilo depois, até o final da caminhada de cada um. Em linhas gerais isso é sobreviver. O grande problema é como fazer para sobreviver? Qual a estratégia a ser usada para conseguirmos nosso objetivo? Esta pequena palavra se mal aplicada ou usada equivocadamente, pode colocar tudo a perder.
Segundo o dicionário, dentre outros significados, estratégia é:A ARTE DE APLICAR OS MEIOS DISPONÍVEIS COM VISTA À CONSECUÇÃO DE OBJETIVOS ESPECÍFICOS.É importante observarmos que, deveremos alcançar nossos objetivos com os meios que dispomos. Devemos notar que poderemos usar vários meios e em várias épocas, isto é, os meios podem ser diversos, é uma escolha de cada um, embora o objetivo seja o mesmo – SOBREVIVER. A escolha desses meios e seu uso adequado é que se constitui o grande segredo do SUCESSO ou FRACASSO. Podemos inferir que ter recursos financeiros é o segredo do sucesso, eu diria que nem sempre, pois, inúmeras pessoas que nasceram em berço de ouro, foram um fracasso na vida. Poderíamos pensar que nascer carente de recuros seria uma sentença ao fracasso, da mesma forma, nem sempre. A estratégio para o sucesso ou fracasso depende de vários fatores, envolvendo inúmeros atores que aos poucos vão possibilitando a cada um seguir seu caminho certo ou errado. Como fatores eu poderia citar: o talento de cada um, a capacidade de assimilar bem uma teoria, o meio onde a pessoa vive e muitos outros. Os atores, seriam todos que de alguma forma contribuem com teorias e experiências para a formação da estratégia. Se a pessoa tem bons exemplos, tudo indica que terá grandes chances de ter sucesso. Se, ao contrário, tiver péssimos exemplos, poderá estar sentenciado a ficar na rua da amargura, sofrer. Essas teorias não são exatas, porisso, é possível que uma pessoa que viveu observando pessoas de má índole, ser muito bem sucedida e pessoas convivendo com outras de bem, serem relápsas, depende muito da própria pessoa. Assim, fique atento, pense, analise bem os prós e os contras de cada ato seu, faça projeções, sonhe, converse muito com você mesmo, se pergunte agora e responda depois, leia, ouça sempre com bastante atenção, estude, tenha amigos, escreva, divirta-se, observe pessoas bem sucedidas, igualmente, analise as pessoas que estão em desacordo com os ditames da sociedade. Saiba que Deus não abandonou ninguém, distribuiu talento para todos, descubra o seu e trabalhe usando-o em seu benefício. Procure experimentar o máximo possível; selecionar e absorver sempre o que for mais proveitoso para você é uma arte. Lembre-se sempre: você é seu maior patrimônio, cuide-se. Investir em você sempre, é uma excelente maneira de descobrir novos meios a serem usados na formulação de sua estratégia e consequentemente alcançar seu objetivo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Festas de Outrora.

Neste Carnaval, no Rio de Janeiro, os organizadores das festas de salão reviveram as antigas festas, onde predominavam as marcinhas. Foi revivido o carnaval de antigamente. Pelas entrevistas dos participantes, acho que foi um sucesso.
Como sou saudosista, meus pensamentos reviveram as festas de antigamente em minha querida Ponta de Pedras, não festas de carnaval, que não existia por lá, mas festas onde jovens como eu, esperavam ansiosamente chegar o sábado para ir na Joana Lhaqui, no Messias, eventualmente no Cupichaua, na Dona Arcídia, na Vila Nova, no sábado de aleluia no Parriba ou onde tivesse uma festa. Era muito bom. As moças, de um modo geral, usavam saia e blusa ou vestido passado com todo cuidado, sempre demonstrando a vaidade de cada uma. Algumas, chegavam a trocar de vestido durante a festa para parecerem sempre bonitas. Não se via calças compridas nas moças. Os cabelos, normalmente compridos, quando muito frisados realçavam a beleza natural de cada uma. Não existia silicone, botox, nada que não fosse natural.
Os rapazes, igualmente se preparavam. Economizavam durante a semana para fazer bonito no dia da festa. Todos queriam impressionar aquele “piquena”, filha do “seu” fulano.Alguns usavam calças de linho, um pouco larga nas pernas para bailar ao som de um merengue. Essa particularidade era importante porque ao dançar o merengue e sendo a calça um pouco larga nas pernas, o balançar do corpo e consequentemente das pernas, as pernas da calça se movimentam, acompanhando o movimento do cavalheiro e dando um destaque para o casal, atraindo os olhares dos observadores. Ponto para o casal! Outros, menos habilidosos usavam calças comuns mas, a intenção era a mesma, se não namorar, pelo menos “colar”, ‘paquerar”, “flertar” não existia a expressão “ficar”. Ficar para nós era usada depois, nos comentários finais, por exemplo:o cara deve FICAR muito aborrecido quando leva uma desfeita de uma dama. Hoje, tudo está mudado. O casal passa uma semana junto mas está “ficando”, às vezes, tem até filho e continuam “ficando”, é como dizia minha cunhada – são tempos modernos.
Nas festas atuais não é mais possível a dama escolher seu par, não dá mais para dançar de rosto “colado”, as músicas pouco dão condição para isso, o “pancadão” só falta estourar o tímpano das pessoas, o tecnobrega é tão rápido que no final da festa o casal já está trêmulo de tanto cansaço. Os rítmos soltos afastam os casais de um maior contato, dessa forma, é melhor levar de casa porque nas festas está difícil. Já não se vê uma dama ou um cavalheiro bom de pé, está ficando vasqueiro ver essas espécies, acho que estão em extinção.
Com o movimento da dança de salão que atualmente está em evidência, talvez possamos reviver aquelas festas de outrora. Para os que tiveram a oportunidade de participar serão sempre inesquecíveis e para os que jamais participaram, não sei não, mas acho difícil terem essa oportunidade. Vamos aguardar.

sábado, 5 de março de 2011

Nossos Talentos.


Quando visito Ponta de Pedras, procuro observar aquelas pessoas que, de alguma forma, demonstram talento para alguma profissão. Aquela pessoa que “faz bonito”, sem nunca ter frequentado uma escola formal, a única que conhece é a “escola da vida”. Pode até que alguém tenha ensinado os primeiros passos mas o talento de cada um, sem dúvida, é seu grande mestre. Asseguro que já está vasqueiro encontrar aquele profissional nativo. Na música, somente os Manduquinhas ainda persistem passando de pai pra filho sua arte. Na carpintaria, ainda temos o Dico alí pelo Ponta Certo dando seguimento o que “seu” Luiz Tabaço deixou de herança. Outros talentos apareceram, contudo, já formados em escolas, como é o caso dos alunos da Associação Musical Antonio Malato (AMAM). Se quizermos consertar um bom relógio, temos que ir a Belém; o Nhorito já está um pouco cansado. Se uma rabeca empenou, já não conseguimos encontrar o mestre Messias para pacientemente resolver o problema. Na construção civil, já não se faz pedreiro como antigamente. Ví uma obra em que a proprietária estava reclamando do profissional e relembrando bons pedreiros de outrora, dentres esses, o Apito que tem obra erguida em Brasília com sua mão firme e olhar crítico achando que sempre podia melhorar. Os tempos são outros. Talvez a necessidade tenha deixado de ser um motivo para lapidar o talento do pessoal, talvez as novas facilidades tenham inibido pessoas se arriscarem em aprender sozinhas uma profissão ou mesmo observar pessoas talentosas desenvolver suas habilidades, mesmo que aparentemente simples. Não me refiro somente àquelas pessoas que ganham a vida exercendo uma determinada profissão, mas também aquelas que divertem ou têm talentos inatos, como Fandango , Gabriel, Brasil, Maximino,Capivara, Eloino, Almiro,Caturra, os Manduquinhas Paulo,Antonio e Sércio,mestre Açúcar, mestre Amanajás, Vadico(meu Pai) e muitos outros que a memória não ajuda homenagear, já não se vê amiúde por aí. Aos poucos, estamos ficando órfãos desses talentosos pontapedrenses.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Comunidade da Boa Vista/crônica do sitio.


Quando eu era criança, lá se vão algumas décadas, aí em frente, do outro lado do Rio Marajó Açu (sei que muitos pontapedrenses não sabem o nome desse rio) existia uma verdadeira Comunidade , era a  - BOA VISTA. Começando pelo Genipaúba, se não me falha a memória, moravam: Zeato, Francisco Roça, Romeu, Agostinhote, Zé Tavares, D.Zulmira e Catito, que morava na “boca” do Giticateu. Na ilha, aí em frente, morava o Terto. Era uma turma muito unida, sempre fazendo “festa” quando encontravam-se.Cada um, ganhando a vida conforme seu talento. O Zeato, Agostinhote e Terto, eram mais camaroeiros, iscavam os matapis, despescavam e iam vender os camarões no mercado que demoliram (uma pena!). Já o Romeu e o Zé Tavares, gostavam de “mariscar”.Assim, deslocavam-se constantemente com suas camboas, sempre à procura de um bom lugar para pegar umas pescadas, mandubés, cachorro-do-padre,ituís, e alguns jaraquís,que tirado a “bóia”, de um modo geral, nem chegavam ao mercado, pois, eram vendidos ainda na Ponte do “seu” João Ramos (hoje já está destruída, mas aquilo já foi bonito). O Catito, era mais marreteiro, ia vender seus produtos em Belém, pescava alguns camarões, mas era só pra ‘tariar’. Não lembro bem a atividade do Francisco Roça. Guardo algumas boas lembranças dessa turma, especialmente do Romeu, por suas constantes brincadeiras, sua alegria estampada sempre que falava com alguém. Para ele , parecia que todo dia era dia de festa, estava sempre sorrindo. O Agostinhote, eu gostava de ver a maneira como ele remava e pilotava a “montaria” dele, sempre sentado no banquinho, mas a perna que ficava do lado da remada, encolhida e o pé apoiado no banco que estava sentado. Posso assegurar que não é facil ficar nessa posição por longo tempo, principalmente remando. O Agostinhote ficava. Eu costumava perguntar se ele não ficava consado e a resposta era sempre a mesma: - Não, não conso. Eu gosto. E lá se ia ele tranquilo e sereno. Não sei explicar, mas eu gostava daquele tempo!

quarta-feira, 2 de março de 2011

A importância de um Relatório.


No último domingo, no Programa Fantástico, a Rede Globo apresentou uma matéria resultante das auditorias da Controladoria Geral da União (CGU). Naquele Programa, foram mostradas as administrações Municipais de Tefé (AM), Curralinho e São Sebastião da Boa Vista (PA). Aqueles municípios que não foram mostrados, se foram auditados, devem ter várias falhas, não tão graves como as mostradas,mas igualmente sérias.Quem já trabalhou em determinados setores do serviço público, está acostumado com essas auditorias, só que o nome pode ser diferente como: inspeções, visitas, visitas técnicas e por ai vai. Todas têm o mesmo objetivo: DETETAR FALHAS.Algumas inspeções, além de detetarem as falhas sugerem soluções que devem ser aceitas pelo inspecionado, outras, detetam as falhas como é o caso da CGU e encaminham o relatória para as autoridades competentes para apurar e punir se for o caso, também mandam cópías para os inspecionados para que possam analisá-lo e implementar ações que venham sanar as falhas constatadas. Dessa forma, o município que recebeu a visita dos técnicos da CGU,prefeito e vereadores devem ficar contentes. O Prefeito porque fizeram para ele, o que ele (Prefeito) deveria ter feito tão logo assumiu o cargo, isto é, dar uma geral na admistração municipal, como se faz nas grandes empresas. Essas empresas, contratam especialistas para fazerem auditorias para que o novo chefe tenha conhecimento da real situação da empresa. Para os vereadores, o relatória mostra onde estão as falhas não detetadas pelo contrôle interno do executivo.A Camara é o orgão de contrôle externo do executivo, a nível municipal, fica muito mais fácil cobrar os acertos, está tudo alí, conseguiram sem nenhum esforço, mas são igualmente responsáveis pelas falhas,pois, deixaram de detetá-los a seu tempo e foi preciso alguém de fora para ver isso. A CGU fez isso de graça e ainda de ganho faz bem feito. Se o administrador tem a intenção de trabalhar sério, esse relatório é uma poderosa arma para uma excelente admistração porque possibilita ao admistrador consertar o que está errado, melhorar o que está certo e criar aquilo que está faltando, deixando assim, SUA MARCA COMO ADMISTRADOR.Um admistrador municipal na realidade é como um gerente na iniciativa privada e se um gerante passar por uma gerencia e não deixar sua marca, provavelmente terá dificuldades na carreira,pois, empresa que se presa quer gerente empreendedor, que seja capaz de administrar seguindo a política da empresa e sempre tentando melhorar a cada dia.No entanto, se o admistrador não está nem aí para o povo que o elegeu, o Relatório não passa de um papel inutil que ficará numa gaveta  para ser aproveitado pelas traças.

terça-feira, 1 de março de 2011

O sucesso de quem deseja servir o público/política

Não sei se voces já tiveram a curiosidade de verificar o número de candidatos às eleições municipais em 2008.Pois é, foram 04 para Prefeito e 83 para Vereador. Desse total, os eleitos são os constantes da lista que se segue, com nome, partido político, número de votos e percentual de votos em relação aos votos válidos.
PREFEITO:


           
PARTIDO
        VOTOS
%
 
PEDRO PAULO BOULHOSA TAVARES

 PDT
         6.237
    53,23%






VEREADORES;
  CHARLES SHAN FURTADO GOUVEA                        PDT                     689       5,68s
   ELDA CARLOTA DA SILVA FERREIRA                      PMDB                  551       4,55%
  EMILIANO BOULHOSA RIBEIRO                               PT                        419        3,46%   
  MARCELINO BELTRÃO TAVARES                             PTB                      402        3,32%
  WANDIK GOMES AMANAJAS                                  PTB                      400        3,30%
  RAIMUNDA CASTRO GRANDE                                 PTB                      381        3,14%
  PAULO PEREIRA DE ANDRADE                                PDT                      317        2,61%
  MARIA DE NAZARE TAVARES LALOR                     PTB                       314        2,59%
  CICERO CARVALHO DE BRITO                                 PR                          297       2,45%
Fora o Prefeito, que sempre está sendo cobrado, os demais nem se fala.Sabemos,eventualmente, que o vereador fulano está “apoiando” alguma coisa.Coisas simples, sem importancia significativa. Lá se vai mais um mandato e os vereadores não conseguem deixar lembranças quando se despedem do cargo.Permitem ou são omissos, pois, alguns fatos aconteçem e a população sofre as consequências sem que os vereadores  tomem conhecimento ou se sabem, parecem não dar a devida importância. Algumas falhas poderiam ser evitados se os vereadores fossem atuantes, defendessem o interesse da Comunidade. Fazendo algo diferente de “apoiar”. Lendo o Relatório  da Controladoria Geral da União (CGU), notamos que várias falhas constatadas poderiam ser evitadas ou minimizadas se os vereadores ficassem atentos ao que ocorre no Município, principalmente em relação à correta aplicação das verbas. O Poder Executivo não disponibiliza informações onde se possa acompanhar os gastos municipais. O Vereador deveria cobrar essas informações para manter  o povo informado do que está sendo feito com os recursos destinados ao Município, pois, essa é uma das atribuições do cargo. Será que eles sabem disso? Se não sabem, deveriam saber antes de se candidatar. Aqui fica um CONSELHO: se você pensa em se CANDIDATAR estude, aprenda, pergunte, tira suas dúvidas antes de assumir o Cargo, senão, você chega na Camara sem saber o que fazer,  como várias que hoje ocupam cargo eletivo. Pergunte a sí mesmo se realmente é isso que você quer. A Administração pública é MUITO SIMPLES, está TUDO ESCRITO, mas só sabe quem se dedica à leitura e, gostar de ler, deveria ser um atributo de cada pessoa que pretende servir ao público. O sucesso do SERVIDOR depende da boa vontade e do conhecimento de suas atribuições que, será conseguida mediante a correta leitura, interpretação e cumprimento do que está escrito.

pense antes/política

Tenho observado que meus conterrâneos, ao constatarem alguma deficiência em Ponta de Pedras, imediatamente culpam o Prefeito. NÃO CONCORDO. Devemos notar que, o Povo, confiou a determinadas pessoas a administração do Município, a saber: O Prefeito, os nove Vereadores e mediante nomeação do Prefeito, os Secretários. Essas pessoas, se propuseram a cuidar do Município,isto é, cuidar das necessidades da comunidade mediante aplicação do DINHEIRO DO POVO. Eles se comprometeram e grande parte da população confiou neles, tanto que Prefeito e Vereadores foram eleitos dentre inúmeros que postulavam esse emprego.Após eleito, o Prefeito, Chefe do Poder Executivo, escolheu seus secretários, igualmente para desempenhar bem a missão que lhe foi confiada. Assim, Prefeito, Vereadores e Secretários, têm a nobre missão de conduzir o destino de Ponta de Pedras. Portanto, SÃO OS RESPONSÁVEIS PELOS ERROS E ACERTOS.A contrapartido da população é a remuneração que cada servidor recebe, o status e a honra de terem sido os escolhidos. Acho que não é pouco. Se esses servidores fossem mais empanhados e trabalhassem focados em objetivos previamente detalhados, nossa Cidade poderia estar com outro aspécto. Observa-se que a rotina é a mesma durante cada mandato, não se muda nada, o lema até aqui é: “deixa como está pra ver como é que fica”, os anos passam e nada muda. Ponta de Pedras não consegue sair do marasmo que está havia décadas. Dizer que não tem verba é balela, é conversa de político mal preparado. Municípios menores conseguem aprovar projetos, fazem convênios, movimentam a comunidade e tudo isso é extremamente difícil por aí. O que será que acontece com as pessoas que assumem o poder em Ponta? Não diria para o povo pensar na hora de votar. Diria para o futuro CANDIDATO PENSAR NA HORA DE SE CANDIDATAR OU ACEITAR UM CARGO PÚBLICO E VERIFICAR SE ESTÁ PREPARADO PARA ENFRENTAR O DESAFIO.