sexta-feira, 29 de abril de 2011

PARABÉNS PONTA DE PEDRAS.


Ao completares 134 anos és jovem e acolhedora. Vemos que as transformações que sofrestes talvez não tenham atingido os objetivos desejados, seria fruto da incompetência dos teus filhos que administram teus recursos? Não sei. Seria fruto da própria evolução dos tempos ditos modernos? Talvez.
 Seja qual for o motivo, não fiques mofina, ainda tens muito para alegrar aqueles que te amam – como eu.
Já não tens mais aqueles rios fartos, onde as ucuubas, andirobas, miritis e taperebás desciam ao sabor das águas e nós, teus filhos, em cascos ou pequenas montarias catávamos com um panheirinho preso na ponta duma vara. Teus igarapés, tristes, já não fornecem aqueles matupiris, aracus, acarás e jacundás, tão comuns numa gapuiação ou tapagem, eu sei, tudo anda vasqueiro. Nas margens dos teus rios, os camaroeiros, com seus matapis nem usam mais os viveiros, os camarões estão cada vez mais escassos. Não vemos mais os cacuris purrudos como estávamos acostumados; os mariscadores, com seus parís nas canoas parece que sumiram, não sei se foram devorados por alguma cobra grande ou encantados pela mãe do rio, mas foram-se, acho que até os jupatizais estão tristes.
Os filhotes, as piraíbas que eram fisgados nos espinhéis e vendidas naquele belo prédio onde era o Mercado Municipal, também só existem nas lembranças. Espinhel, filhote, piraíba, prédio, tudo acabou, se ainda existem os peixes, são tão gitos que não os vemos amiúde.
Na boca dos teus igarapés, era comum, caboclos, queimados pelo sol estarem pescando na reponta, com suas montarias amarradas no galho do aturiá, numa aningueira ou numa raiz de mangueiro, em silêncio, porronca no beiço, só esperando a pescada, piramutaba, surubim ou uma baita dourada bater. Tempos idos.
Cadê teus socós, arirambas, ciganas que faziam festas nos galhos das momoranas quando passávamos remando nas nossas idas para a escola. Será que mudaram-se, será que escafederam-se?
Nos teus matos, já são poucas as andirobeiras,massarandubeiras, acapuzeiros, madeira de primeira linha praticamente inexiste.Árvores como os miritizeiros parecem vacas maninas, dado a dificuldade de tomarmos um vinho de miriti ou saborearmos sua polpa. Inajá, tucumã, fruta-pão, marajá, camapu e outras frutinhas que comíamos quando criança, quase não se vê por aí. O açaizal dominou tudo.
Animais, como cutias, pacas, tatus ou caititus, dificilmente os cachorros conseguem acuar, são como visage, só aparecem quando menos se espera. Os caçadores saem e voltam com a mesma história: não vi nada. São motivos de caçoadas. Será que esses caçadores são tão panemas assim ou foi a Curupira que levou as caças para outras paragens? Acho que não. As florestas estão exploradas, estão tão cansadas que, os animais mais parecem Matinta Pereira, pois, alguns acreditam que exista, mas ninguém vê.
Hoje, ver um tucano é tão raro como era espiar os aviões à jato que passavam por cima das samaumeiras, admirados, corríamos pra ver a raridade, às vezes, já tinha passado. Taliqual os jatos, o tucano arisco, voa antes de ser visto, senão, poderá ser acertado por um tiro, a não ser que a espingarda tarde fogo.Talvez seja a sobrevivência.   
Nos teus campos, já não se encontram bacuris, mangabas ou outras frutas tão comuns, hoje, impera os tapecoins e as terroadas, as saúvas, tapiaís e tucandeiras estão em toda parte. Terras áridas.
Nos teus igarapés, os piquenos e as piquenas já não batem mupungas, as carambelas não são mais vistas, não brincam de pira na maré grande, não fazem mais balanços de cipós amarrados no galho da siriubeira. O que estará acontecendo?Será medo da mãe d’água?
No sítio, já não se ve aquelas casas cobertos com palhas de buçu ou inajá; com paredes de miriti, palhas de inajá mupicadas ou sem paredes, a maioria já são de telhas,cercadas com tábuas, com fechaduras nas portas e ainda assim são visitadas por pessoas estranhas na ausência dos verdadeiros proprietários, já não se pode nem tirar uma madorna. Por onde andará Morfeu que não vê isso?Valha-me Deus!
Criar xerimbabos, só aqueles que ficam embaixo do jirau ou se for no chiqueiro, senão, a matalotagem desaparecerá com eles. Aqueles que chamamos de manos, já não são tão manos assim. Nem ralhando com eles criam vergonha, esses patifes minam como tijuco e se esgueiram como tralhotos ou quatipurus, são espertos mano, só vendo. Pobre gente.
Não falemos mais de coisas que estás tuíra de saber, é conversa pra mais de metro, vamos falar do teu aniversário, então, neste 30 de abril, por aí terá festa no barde, todos devem aproveitar bastante, a vida segue, os problemas  existirão, mas tu PONTA DE PEDRAS, continuarás sempre única para teus filhos! PARABÉNS.     
  

sábado, 23 de abril de 2011

A NOIVA DO JURACI / ESTÓRIA NAVAL.

O Juraci era um suboficial natural do Rio de Janeiro, criado com aquela rapaziada acostumada a sambar, andar naquele TL (trem lotado), vibrar  no Maracanã em dia de Fla x Flu, andar de bermuda e frequentar praia sempre que o sol dá as caras. A rapaziada era assim, mas o Juraci era mais light: calmo, atencioso ao receber uma faína, mas esquecido na hora de executar alguma missão. Esse pequeno problema, já constatado por ele mesmo, era devido a um dos lados do cérebro não funcionar, dizia ele.Tinha ido ao médico e o profissional diagnosticara o problema. Aí ele colocava a mão direita no meio da cabeça e com o dedo indicador da mão esquerda mostrava:
 - Este funciona, apontava o esquerdo e este não, mostrava o direito. 
Um dos motivos que o fizeram ser transferido para Belém é que, separado da segunda esposa, queria começar vida nova. Queria esquecer aquilo e quiçá arrumar uma boa noiva, econômica (a ex era perdulária), bonita e que fosse sua alma gêmea, ele era consciente que existia, dizia que também era filho de Deus.
O outro problema era desembarcar da Esquadra, já conhecera quase tudo durante seus anos de embarque, que não eram poucos.
Sempre que cruzavámos o Juraci prestava continência, eu respondia e normalmente eu perguntava: - E a saúde?
- Estou bem. Respondia ele.
- E a noiva, já arrumou?
- Não chefe, está difícil. Respondia.
Certa vez chegamos em um município paraense num sábado, por volta de cinco da tarde. Ficou estabelecido que trabalharíamos no domingo e lá pelas seis e meia da tarde, daquele mesmo dia, regressaríamos.
O Juraci saiu sábado a noite com outros membros da tripulação e ao voltarem, o juraci estava radiante. Durante o café da manhã de domingo, o comentário era geral: o Juraci arranjara uma namorada e era bonita.
Como a maioria sabia do interesse dele em casar novamente, incentivavam para que ele contasse alguma coisa sobre a felizarda. Ele limitou-se a dizer que tinha marcado um almoço com ela na praia, mas não sabia se podia comparecer por causa dos serviços programados para o dia. A turma foi solidária e quase em uníssono pediram a liberação do Juraci.
No poderia deixar de ser concedida, afinal de contas, cupido estava na área.
Na hora do almoço, o Juraci dispensou o rancho, pois, ia almoçar com sua “princesa”. Foi ao grande encontro.
Almoçamos, ficamos por ali e quando era mais ou menos quatro da tarde, lá vem o Juraci.
A turma ficou atenta no portaló (local de entrada do navio) para saber das novidades. Ele entrou, fez a continência e ficou ali mesmo. Um sargento mais afoito perguntou logo a data do casamento.
Foi quando o Juraci comentou: - pois é, eu cheguei lá e ela estava com uma cerveja na mesa. Após os cumprimentos regulamentais, descansei as pernas( em marinha diz-se que marinheiro não senta!).
 - Você demorou meu bem, pensei que não estivesse interessado – Disse ela.
- Como eu poderia faltar? Respondi.
Dirigindo-se ao garçom, ela falou:
-Traz mais um copo e a encomenda.
O garçom trouxe o copo e um tucunaré assado. Não era pequeno.Só que surgiu não sei de onde, três garotos e os quatro, devoram o tucunaré. Chegou rápido e sumiu mais rápido ainda, não sei como. Admirava-se o Juraci.
- Nesse instante, surgiram mais três rapazes, esses, já mais crescidos e tendo reclamado que os primeiros não deixaram nada, ela chamou o garçom e novamente ordenou: - traz o outro.
- O garçom obedeceu. E como os três estivessem reclamando de sede, ela pediu mais uma cerveja e uma coca de dois litros. O garçom trouxe e os sete pareciam um cardume de piranhas, devoraram tudo, ficou só aquela espinha grande. Como é o nome mesmo? - Espinhaço. Eu disse.
O Juraci continuou: - terminado tudo ela vendo que meu copo estava vazia pediu mais uma cerveja, o garçom trouxe, encheu meu copo e tomou o restante com os dois maiores.
 Após acabarem com tudo a rapaziada sumiu. Ela chamou o garçom novamente e pediu três pacotes de biscoitos e a conta. Mais uma vez o garçam atendeu. Ao receber a conta ela olhou e passou pra mim dizendo:
- Paga aí meu bem, as bolachas é pros meninos merendarem mais tarde.
- Fiquei olhando tudo, cento e quarenta e cinco reais. Você já vai?Eu perguntei.
- Não, vou esperar os meninos, aqueles são os meus filhos. Ela respondeu.
- Eu chamei o garçom, mandei ele tirar os pacotes de biscoito da conta, paguei e disse que vinha pra bordo.
- Ela ficou uma fera, disse que nunca tinha visto uma pessoa tão miserável, bem que tinham avisado pra escolher bem aquele que seria o verdadeiro pai dos filhos dela, dessa vez vira que se enganou redondamente, logo ela, macaca velha e continuou a vociferar poucas e boas pra mim, mas eu não fui na guerra. Larguei as espias. Dasabafou o Juraci.
 - Mas Juraci quer dizer que você pagou mais de cem reais e tomou dois copos de cerveja e nada mais? Eu disse.
- Qual nada Chefe, só um copo e meio, porque o primeiro não foi cheio, ela já tinha tomado a cerveja quase toda.
- E agora? Perguntou o cozinheiro.
- Estou com fome, com sede, cansado desse sol e pra completar duro. Será que ainda tem rancho? Lamentou-se o Juraci.
Como já estávamos preparando pra suspender, o Juraci olhou para terra e desolado disse: ganhei experiência.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

SEGUNDA PARCELA DAS TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS TRANSFERIDA PARA
PONTA DE PEDRAS:

R$-272.985,67 (DUZENTOS E SETENTA E DOIS MIL, NOVECENTOS E OITENTA E CINCO REAIS E SESSENTA E SETE CENTAVOS)

sábado, 16 de abril de 2011

GUISADO DE PORCO / ESTÓRIAS DO SÍTIO.


Juca do Panga estava arrumando os últimos detalhes para encontrar-se com Noca do Binga em Ponta de Pedras. Juca e Noca conheceram-se numa festa no Carnapijó, num sábado e, marcaram novo encontro na casa dela no sábado seguinte, dia que passaria na tv a luta entre Fantomas e Homem de Pedra, no programa Telecatch Montilla. Daí Juca estar terminando os  preparativos para sua ida à Ponta. Tudo arrumado, um bom par de roupas, sapatos, estrato, brilhantina, dinheiro graúdo e alguns borós, tudo preparado.
Antes de sair, por volta das seis da tarde, Juca deu uma espiada na panela de barro que descansava na trempe e não resistiu ao guisado de porco. Era um capado bonito, gordo, criado no chiqueiro, comendo basicamente murumuru e farelo, às vezes, umas sobras de croeira. Gostava de taperebá, tucumã e inajá, mas essas guloseimas nem sempre lhe eram oferecidas. Dava gosto lembrar o totiço do capado que atiçava o paladar do Juca.
Pegou um prato esmaltado que estava em cima do jirau, dentro de uma gamela, encheu com alguns pedaços, tendo atenção para uns toucinhos que estavam com boa aparência e deliciou-se. Para rebater, tomou um resto de bacaba que ficara do almoço. Pronto! Estava forrado.
Esperou a hora e aproveitando a reponta, partiu.
 O casco deslizava tranquilo. Com alguns minutos de viagem, começou a sentir umas dores na barriga, nada que o deixasse preocupado. Aproveitou um remanso e continou remando.
Ao chegar na ponte do João Ramos, já meia de enchente, a dor aumentara. Aí veio a certeza. Os toucinhos e a bacaba não lhe fizeram bem. Provavelmente um desmancho estava em andamento.
Amarrou o casco, saltou, vestiu-se e foi encontrar Noca, conforme combinado. Ao caminhar, sentindo aqueles espasmos repentinamente, era obrigado parar, juntar os joelhos, retesar os músculos da coxa, aguardar alguns segundos e continuar.Voltava ao normal.
Chegou na casa da Noca a luta já ia começar. Sala apinhada de moleques sentados no chão. Era tanta zoada e falatório que, seu Secundino, pai da Noca, foi obrigado intervir.
  - Vamo parar com essa zoada, vamo prestar atenção. Silêncio total.
Não para Juca, pois a barriga dele desobedecendo a ordem do seu Secundino, irrompia: thóó..thóó..
Vendo que não tinha outra saída senão aliviar-se daquele incômodo, Juca bolou um plano: pediria uma rebarda d’água pra Noca e enquanto ela fosse no pote buscar água ele iria se aliviar.
Assim procedeu.
 Logo que ela dirigiu-se à cosinha, Juca levantou-se e caminhando lentamente foi saindo da sala, tendo avisado antes, que iria comprar umas mentas pra tirar o bafo.
Ao chegar no corredor, indo em direção à porta, Noca viu o fujão, e veio pé-ante-pé, apoiou o copo no parapeito da janela e aproximando-se de Juca, sem ser notada, com os dois dedos indicadores em riste, cutucou nos vazios, nas ilhargas do Juca e disse:  vai fugindo hein?? Pronto! Com o susto, estava feito a desgraça. Foi ali mesmo.
O barulho foi tão alto que só não foi superado pela alegria da  molecada que estava vibrando com uma cutelada do Fantomas, mas um daqueles moleques traquinos, não deixou por menos e indagou:  de onde vem esse pixé?.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

1ª. CARTA A PONTA DE PEDRAS.

Niterói, RJ, 11 de abril de 2011.
Saudações,
Espero que esteja tudo tranquilo por aí. O principal motivo desta é para avisar que infelizmente não vai ser possível comparecer ao seu aniversário, dia 30 de abril. Sei que a Senhora, como das outras vezes, ficará um pouco chateada, contudo, outros filhos seus que moram mais distantes e alguns morando aí por perto, também estarão impossibilitados de participar da festa. Os motivos são os mais diversos. O meu particularmente é problema de data,  já que tempo não me falta porque sendo aposentado, vivo de férias. Como a Senhora é festeira, eu prefiro o Círio já que as opções são várias. Em junho tem  os cordões de pássaros, boi bumbá e outras brincadeiras que também gosto, mas vamos ver até por lá. Agora o assunto é o seu aniversário.
Eu soube que a Senhora está parecendo pinto no lixo, toda pavulagem, porque vão fazer uma festa no seu Dia, com Banda Calypso e tudo mais. Taí, gostei. Mas aproveitando a oportunidade, me diga se resolveram aqueles probleminhas que a Senhora estava reclamando quando conversamos pela última vez.Melhoraram essa pracinha que a Senhora recebe as suas visitas?Conseguiram equacionar a coleta de lixo aí da praça nos dias de festas? Podaram as árvores para ficar mais claro? Tiraram aquele carro de cachorro quente da sua calçada e instalaram em outro lugar para minimizar o odor que incomoda os transeuntes que passeiam pelas calçadas? Os bares já estão pintados e com banheiros limpos, para serem usados pelos seus convidados? O seu relógio já foi consertado ou continua esbandalhado? Aquele monte de lixo que estava na beira do rio, ali em frente da padaria da Casa da Beira, já foi retirado?A feira, está mais limpinha ou continua aquela sujeira de dar dó? E as ruas, que a Senhora reclamou tanto, já melhoraram? Eu soube que aquele problema das viaturas andarem por cima da calçada da pracinha, já foi resolvido, um destemido Secretário de Transportes baixou uma portaria proibindo esse abuso. Será que já voltou?Tomara que não.
Outro assunto, que já era para eu ter conversado com a Senhora,é sobre aquelas casas que foram construídas alí no lugar da Olaria do “seu” Joaquim Mariano. A Senhora sabe que existe esgoto daquelas casas jogando dejetos dentro do rio? Se a Senhora olhar com atenção verá. Desculpe meu enxerimento em assuntos que não me dizem respeito, mas a Senhora gostaria que o rio jogasse uns peixes podres nas suas ruas?Certamente os meninos que cuidam das suas aposentadorias iriam reclamar. Fale com alguém da Prefeitura para dar uma olhada por lá. A Senhora lembra que antigamente era comum vermos garotos pulando n’água alí da ponte do “seu” João Ramos, hoje, nem pensar. Se um garoto pular, buia com um “capitão” na cabeça, já pensou?A Senhora deve saber que para receber os convidados, o dono da festa deve estar bem preparado. Não me decepcione, lembre do Círio da nossa Padroeira, a Senhora parecia uma mendiga, sem ninguém que cuidasse da Senhora, foi uma vergonha.
Para finalizar, respondendo aquela pergunta sobre quanto é a sua  aposentadoria,  é difícil responder porque depende de quanto os Governos arrecadam para distribuição.Fique tranquila, se bem administrada dá para manter suas necessidades. Para sua alegria e dos meninos que administram os seus recursos, foi depositado dia 08 de abril a primeira parcela mensal da aposentadoria federal, no valor de R$-1.012.270,90 (um milhão, doze mil,
Duzentos e setenta reais e noventa centavos). A Senhora reclama de barriga cheia, a importância que vai de Brasília já dá pro gasto, ainda falta a aposentadoria que vai de Belém e os recursos que os meninos arrecadam por aí, que não são muitos, mas de grão em grão a galinha enche o papo, como diz o ditado.
Por aqui está relativamente tranquilo. somente a dengue que parece ter voltado com toda força, aquele massacre das crianças no Rio e os engarrafamentos que a cada dia aumenta, nos deixando bastantes preocupados.
No mais, estão todos bem e mesmo conhecendo pouco a Senhora, mandam lembranças.
Saudades,
Mundinho.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

RECURSOS PARA PONTA DE PEDRAS

RECURSOS CONSTITUCIONAIS
TRANSFERIDOS PARA PONTA DE
PEDRAS - MARÇO DE 2011.

R$ - 1.466.981,64

Fonte: Banco do Brasil.

MARISCAR NO SÍTIO.


Mariscar lá no sítio é conseguir comida, correr atrás da boia. O instinto de sobrevivência possibilita ao interiorano desenvolver um leque de artifícios que tornam fácil a tarefa de mariscar. Evidentemente que não lembrarei todas possibilidades, no entanto, vale a pena lembrar algumas.
.Gapuiar poço – seca-se um poço em um igarapé para pegar peixes.
.Cacori – com pari, faz-se um tipo de armadilha para pegar peixes.
.Camboa – tipo de armadilha para pegar peixes.
.Tapar igarapé – com um pari ou uma rede, na maré cheia, fecha-se o igarapé num determinado ponto e com a maré seca, verifica-se o que ficou preso (despescar).
.Lancear – com uma rede feita para esse fim, pega-se peixes e camarões.Pode-se lancear com um pari apropriado.
.Pescar – Com linha de mão ou caniço, esse é covardia, todo mundo sabe.
.Tarrafear – pegar peixes ou camarões com tarrafa.
.Zagaiar – com uma lanterna e uma zagaia (tipo de arpão) procura-se peixe nas margens durante a noite, preferencialmente noite escura.
.Procurar peixe no sulapo – com a maré seca, procura-se nas ribanceiras, lugares com buracos (sulapos) onde possivelmente tenha peixe. Introduz-se a mão para pegá-los. Pode-se fazer isso também nas pedras
.Piraqueirar - na maré seca, com uma poronga, procura-se peixes nos igarapés que estejam "dormindo" e abate-se com um terçado.
.Procurar peixe nos igarapés - com a maré seca, procura-se pedaços de árvores de açaí ou outra árvore que tenha buraco de um lado a outro ao longo do comprimento e assim fecha-se com a mão um lado e levanta-se o outro, o que estiver dentro joga-se na terra firme ou na lama. A árvore deve ser pequena para poder ser levantada.
.Caçar – também conhecida de todos, pode ser durante o dia ou à noite.
.Por armadilha – armar uma espingarda na passagem da caça, de um modo geral à noite e quando a caça passa faz com que a arma dispare.
.Armar arapuca – com varas, pode-se fazer uma armadilha para pegar animais pequenas.
.Armar um mundéu – tipo de armadilha feito com varas ou parte da folha do miriti para pegar animais.O mundéu pode ser de laço ou quebra-cabeça.
.Esperar animal na comedia – num mutá, esperar até que o animal venha comer em determinado lugar.
.Lanternar – com uma lanterna e uma espingarda, caçar durante a noite, pode ser por água ou por terra.
.Caçar com baladeira – usar uma baladeira (estilingue) para caçar pequenos animais.
.Procurar animais em buraco na árvore – subir nas árvores que tenha um buraco para verificar se tem algum animal.
.Armar uma ratoeira – armadilha feita de madeira (tábuas) para pegar animais.
.Por matapi – armadilha feita com talas de jupatí para pegar camarões.
.Pescar com puçá – armadilha para pegar sirís.
.Pescar com espinhel – colocar vários anzóis em uma linha, distantes entre si e esticá-lo transversal ao rio, amarrando uma ponta numa margem e poitando com uma pedra na outra ponta do espinhel.
Arpoar peixes – eventualmente usar um arpão para matar (arpoar) peixes.
Pescar siri com peixe seco - faz-se um pequeno pacote com peixe seco salgado, amarra-se numa envira (embira), depois deixa-se amarrada em uma árvore, aningueira por exemplo. Espera-se um certo tempo e vagarosamente, traz-se à superfície a “isca” de peixe e o siri vem comendo o peixe, com um paneiro, pega-se o siri.
Evidente que ainda temos os xerimbabos para aqueles dias em que o jucuraru-roi-o-rabo. Aquele franguinho que dará uma boa canja mas vamos deixar isso para a molecada quando estiver de purga. O importante é não deixar a trempe vazia.