Semana passado, o conterrâneo marajoara Miro
Pereira, não aguentou o que está ocorrendo em Portel e desabafou no FB, disse
ele: “ Minha querida Portel entregue aos bandidos e a bandidagem. Minha querida
Portel chora e sofre com a onda de violência e assaltos em plenas férias de
julho. Meu primo Adelson dono do MALIBU BAR foi assaltado ontem . Seu pai Floriano Tavares dono do ARUCARÁ foi assaltado. Um moto
taxista levou um tiro num assalto e teve sua moto roubada. Meu amigo Geni Cruz teve seu comércio assaltado. Amigo Clementino Ferreira gravemente ferido com um
tiro na boca agora a pouco em assalto a sua distribuidora e o HOTEL SERVE BEM
invadido por bandidos e cercado pela polícia nesse momento. Enquanto isso os
donos do PODER estão trancados em seus palácios com seguranças pagos com nosso
dinheiro ou estão em farras nababescas com o dinheiro do povo de Portel. Triste
situação. Rogo a DEUS que nos livre e guarde.”. A triste situação em que se
encontra Portel não é um caso isolado, pois nos demais municípios do Marajó a
situação não é diferente. Isso é muito triste.
Foram inúmeros os comentários demonstrando
solidariedade ao conterrâneo Miro Pereira, alguns arriscaram sugerir algumas
soluções para a situação relatada: melhorar a governança; fazer parcerias com o
Governo Estadual e melhorar a educação, foram algumas das sugestões.
É oportuno sabermos que a criminalidade, o
desrespeito às leis que caracterizam crimes desde os menores, que aparentemente
trazem poucos prejuízos às pessoas até os crimes mais graves, envolvendo armas
letais e ceifando vidas, fazem parte do cotidiano de cada município marajoara.
O relato do conterrâneo é apenas consequência de outros crimes que acontecem
todo dia e que nem sempre chegam ao conhecimento do público, mas que contrariam
leis existentes, e portanto passíveis de punições.
Para constatar, além de jornais, televisões e redes
sociais que diariamente divulgam os crimes cometidos pelas pessoas, dentre
essas, aquelas que elaboram as leis e as que têm a obrigação de zelar pelo
cumprimento das mesmas, como políticos e outras autoridades, podemos verificar
os mais diversos crimes, consultando o site do Ministério Público (MP), Tribunal de Contas
dos Municípios do Pará (TCM-PA), Diário Oficial do Estado do Pará (DOEPA) e os sites
dos órgãos do Governo Federal incumbidos de receberem as prestações de contas
dos gestores municipais.
O desrespeito às leis são inúmeros: falta de merenda escolar para os alunos de
escolas, motivada por desvios de verbas públicas; falta de remédios nos postos
de atendimentos público, com sensível prejuízo aos seus usuários; irregularidades
nos programas sociais, como o Seguro Defeso, por exemplo; desvios de verbas do
FUNDEB, as inúmeras falcatruas verificadas pelas equipes da Controladoria Geral
da União (CGU) por ocasião das auditorias feitas nas prefeituras dos
municípios, onde são constatadas irregularidades que são caracterizadas como
crimes contra a administração pública; prefeitos falsificando documentos,
presidentes de câmaras de vereadores envolvidos em irregularidades envolvendo
recursos públicos; gestores de verbas da saúde sendo obrigados a devolver
dinheiro público e outros crimes divulgados pela mídia. Todos são crimes que,
embora não atentando contra a vida de pessoas, contrariam leis e precisam, de
alguma forma, que seus infratores sejam punidos. A população, tal qual o
conterrâneo Miro Pereira, já não aguenta mais, está farta de violência, tanto
desrespeito às leis. Alguma coisa precisa ser feita, o problema é: quem fará?!
Como podemos observar, existem os mais diversos
crimes e combatê-los não é uma missão das mais fáceis, porque envolve vários
atores que, nem sempre, veem no combate à criminalidade sua principal área de
interesse, deixando em segundo plano ou até mesmo dando uma baixa prioridade,
focando mais em seus próprios interesses, como por exemplo, satisfazer
determinados grupos que lhes ofereça melhores chances de manterem-se no poder
ou até mesmo usufruir algum benefício financeiro, mesmo em prejuízo dos demais.
São pessoas que poderiam fazer alguma coisa para mudar a situação atual, mas
não fazem.
O Estado, sozinho, não consegue cumprir sua obrigação
como fornecedor de condições mínimas de esperança para o povo. Por outro lado,
as pessoas não acreditam nos responsáveis por administrarem os municípios, não
acreditam nas suas promessas, não acreditam na justiça, veem a cada dia mais
dificuldades, a falta de perspectivas, principalmente para os mais pobres, que
não tem acesso aos recursos públicos. Esse povo revoltado, sem esperança,
precisa sobreviver e pela ignorância, nem sempre usa as ferramentas adequadas
para conseguir suprir as suas necessidades e, exatamente por isso, e pela falta
da presença de um Estado forte e justo, são levados a cometer inúmeras
atrocidades, com prejuízos para si e seus semelhantes.
Esperar um bom samaritano chegar para resolver
os problemas que castigam o Marajó, talvez não seja uma boa opção, pois muitos
problemas, até mais simples de serem resolvidos e que vemos constantemente o
povo clamar por alguma solução, também não são resolvidos há vários anos.
Então resta ao povo, ainda que aos poucos, tentar ajudar
o Estado, pelo menos, diminuir esses
comportamentos indignos existentes no Marajó e que está aumentando a cada dia.
Para que isso possa acontecer, ainda que seja a
médio ou longo prazo, o povo precisa incentivar que novas lideranças assumam as
prefeituras e assim, com novas ideias, possam iniciar alguma mudança. As
pessoas devem se unir e denunciar qualquer desvio de conduta que tenha conhecimento,
mesmo que seja simples, para que aos poucos se adquira o hábito de exercer o
controle social, pois o povo colaborando é mais fácil descobrir e punir o infrator.
Essas denúncias podem ser feitas em redes sociais,
em jornais locais, em blogs criados por pessoas residentes nos diversos
municípios, nas delegacias ou mesmo através de e-mails encaminhados aos
diversos órgãos das administrações federal, estadual ou municipal. Muitos não
gostam de denunciar porque partem do falso pensamento de que nada será apurado,
em consequência, nada acontecerá ao infrator, mas nem sempre isso é verdade. Inúmeras
pessoas foram punidas graças às denuncias e mesmo que, eventualmente, uma
denúncia não tenha o desfecho esperado, o mais importante é a pessoa fazer a
sua parte, contribuir de alguma forma para melhorar a sua comunidade, mesmo que
essa contribuição pareça insignificante, é fundamental.
Se todos fizerem a sua parte para melhorar a sua
comunidade, um pouco que seja, como por exemplo, conversar com seus filhos e
explicar sobre bons hábitos, como por exemplo,o estudo e ser uma pessoa de boa índole
sempre ajudarão a pessoa conseguir, melhores oportunidades, bons empregos e melhoria de vida.
O que não se pode fazer, é deixar nosso Marajó transformar-se
numa região onde não se observam as leis, proliferam os crimes, seja um local
onde as pessoas mal- intencionadas encontram facilidades para consumar suas
falcatruas e com isso, a cada dia, seja mais difícil se usufruir da
tranquilidade que nosso Torrão sempre proporcionou aos seus filhos.