sexta-feira, 11 de novembro de 2016

MUNICÍPIOS DO NORTE APRESENTAM OS PIORES ÍNDICES DE BEM-ESTAR URBANO.


No Índice de Bem-Estar Urbano dos Municípios Brasileiros - IBEU MUNICIPAL, publicado pelo Observatório das Metrópoles - IPPUR/UFRJ, que aborda cinco dimensões: Mobilidade Urbana,
Condições Ambientais Urbanas, Condições Habitacionais Urbanas, Atendimento de Serviços Coletivos Urbanos e Infraestrutura Urbana dos municípios, notam-se alguns fatos interessantes. Olhando o ranking dos 100 municípios brasileiros que apresentam o melhor bem-estar, n
ão consta nenhum da região norte. Por outro lado, o ranking dos 100 piores municípios referentes às condições de bem-estar urbano, o norte dá de goleada, só o Pará tem 41. Como nessas horas o Marajó marca a sua presença, dos 41 municípios paraenses com as piores condições de bem-estar urbano, 8 são do Marajó, são eles: Chaves, Santa Cruz do Arari, Anajás, Breves, Gurupá, Muana, Portel e Curralinho. O objetivo do Observatório das Metrópoles é subsidiar os prefeitos a estabelecerem políticas públicas que possam fazer frente aos índices obtido por cada município. O interessante no documento é que o Observatório dá algumas dicas para os gestores de quais problemas deverão atacar primeiro. Seria bom que o gestor, principalmente aquele interessado em fazer alguma coisa pelo município, estudar o documento, juntamente com outros que certamente já tem em mãos e tentar fazer alguma coisa, ainda que seja pouco, para que, ao deixar a prefeitura, possa ter contribuído para melhorar o bem-estar das pessoas do município. O documento para leitura está disponível aqui.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PRA ONDE ESTÁ INDO O NOSSO AÇAÍ.

O açaí é uma das riquezas de Ponta de Pedras e desde que me entendo, seu cultivo e preparo pouco mudou, porém os lucros, mudaram significativamente. Quando criança era comum vermos as mulheres com nódoa nas mãos por terem amassado açaí. As nódoas eram um tormento para as mocinhas quando tinham que ir a algum ajuntamento, como uma festa por exemplo, pois não queriam se apresentar com as mãos denunciando que tinham amassado açaí. Muitas conseguiam retirar parte das nódoas com a seiva da guaxinguba, mesmo assim, nem sempre era possível eliminar completamente. Depois, vi pela primeira vez uma máquina manual de amassar açaí, criada pelo Nhorito, quando morava ali na frente do hospital. Na sequência, apareceram as máquinas elétricas de bater açaí que substituíram as amassadeiras e hoje, é comum vermos essas máquinas em quase todos locais onde se consome açaí, mesmo no sítio, onde os moradores adquiriram grupos motor-gerador que produzem energia para fazer funcionar essas máquinas e as amassadeiras com as suas peneiras e seus alguidares, praticamente ficaram só como lembranças, ainda existem, mas já está vasqueiro se ver.
Nota-se que evoluímos muito pouco ao longo de muitos anos, pois o método de apanhar o açaí ainda é o mesmo, apenas as peconhas mudaram para plásticas, em vez das tradicionais que eram feitas com a bainha da folha seca do açaizeiro (Aquela parte que prende a folha na árvore) ou com a folha verde da árvore do açaí. Os paneiros de cipó titica, arumã, jacitara ou talas de meriti foram substituídos por paneiros feitos com tiras de plástico e hoje, se coloca um plástico aberto no chão onde os cachos são reunidos para depois debulhar e assim evitar perdas, outrora, os cachos eram reunidos no chão, debulhados e depois juntava-se os "bagos" que caiam para fora do paneiro. Melhorou o processo de colheita, mas para tirar o fruto da árvore, nada mudou. O "cobôco" ainda rala o peito na árvore quente ou lisa e está sujeito às cobras nas toiças e tataíras nos cachos, é a dura labuta do apanhador de açaí.
Os açaizais aumentaram, se outrora muitos moradores tiravam açaí apenas para o "bebe", hoje, com a procura do produto nos grandes centros, o preço aumentou e o açaí passou a ser um produto com grande valor comercial, gerando grandes lucros para grupos comerciais que beneficiam e distribuem a nossa maior riqueza.
O filme abaixo, mostra claramente o que estou falando, os ribeirinhos colhendo e levando o açaí para ser beneficiado por grandes empresas, que têm lucros consideráveis, enquanto os coletores permanecem trabalhando como há muitos anos atrás. Se houve alguma melhoria foi pouca.
Esse não é um fato que acontece somente em Ponta de Pedras, pois outros municípios também vivem essa situação, uns mais outros menos, isto porque, ao longo de vários anos não se estabeleceu nenhum projeto para que o açaí, em vez de ser exportado para ser beneficiado em outros locais, seja beneficiado no próprio município e assim, beneficiar a população local. O que falta para que isso aconteça é um assunto para ser discutido entre empreendedores locais e as autoridades que administram nosso município.
Aparentemente pode parecer difícil, pois é uma atividade que envolve vários atores e todos visam obter grandes lucros com o beneficiamento e distribuição do açaí, mas é necessário que se entenda que nosso município precisa gerar empregos e certamente criar meios de beneficiar e distribuir o açaí a partir do Município, certamente seria uma boa oportunidade, não só para gerar empregos, mas gerar recursos para a prefeitura, que poderiam ser revertidos em benefícios para toda a população.