domingo, 27 de julho de 2014

O AÇAÍ É NOSSO. SERÁ?

  • Conterrâneo , me tire umas dúvidas. Você há de imaginar: lá vem esse camarada com dúvida! Não me leve a mal, mas tenho minhas limitações. Primeiro, nasci no sítio, lá no Giticateu e dizem que esse pessoal tem certas limitações. Segundo, e até mesmo pela cultura adquirida na minha Tapera, comi muita polpa de caroço de tucumã, o que pode ter contribuído para que eu custe aprender ou entender. Dito isto vamos lá: não sei se você chegou a ver ou ouvir o ranger do cabo do pique ou da boca, mesmo dos amantilhos das igarités que saiam do trapiche de Ponta de Pedras, até bater de açaí. Essas igarités atracavam no Beco do Cano e no dia seguinte descarregavam o açaí ali na escadinha, junto do "Mosqueiro/Soure", hoje transformado em Estação das Docas. Vi inúmeras vezes nossa maior riqueza ser jogada na Baia do Guajará  porque não tinha comprador, quando bamburrava então....O tempo passou, a população mundial aumentou, países cresceram, as doenças apareceram e novos remédios foram descobertos. Dentre as enfermidades, as causadas ao coração mereceram muita atenção e para controlar tantos problemas cardíacos, surgiram as estatinas, que enriqueceram vários laboratórios, face seu grande consumo. Para evitar o aparecimento precoce de doenças cardíacas, foi aconselhado mais exercícios, as academias proliferam e mais ainda, foi anunciado o grande poder do resverastrol, encontrado em abundância na uva. Tomando um copinho de vinho por dia, o coração agradece! Hoje, sabemos que o nosso velho açaí é rico em resveratrol e uma excelente fonte de energia.  O açaí, hoje, além de conhecido é muito consumido, principalmente por esportistas. Dado a esse consumo, é  facilmente encontrado nos grandes supermercados e vindo dos mais diversos locais do País, às vezes, de locais que eu nem sabia que produzia açaí. Ainda um dia desses, entrei numa casa que vende produtos Nordestinos (fui comprar minha farinha) e deparei com uma placa: TEMOS AÇAÍ. Solicitei um litro e imediatamente verifiquei a procedência, vá que tivesse vindo da China, porque hoje, o que mais tem é produto chinês. Não era....era do Amapá! Aí eu pensei: mas o Amapá não produz Manganês? Mas era do Amapá, pelo menos a embalagem, e o vendedor garantiu ser de excelente qualidade. Pavulage.... eu disse para ele: Cuidado, eu conheço açaí bom, sou de Ponta de Pedras! Ele olhou um pouco admirado e eu disse: É no Marajó... ai paguei e fui embora. O resultado não foi lá muito satisfatório, pois joguei o açaí fora, era mais "fino" do que açaí paró. Lembrei do açaí paró de Ponta de Pedras, "fino", mas gostoso. Aquele grosso, do meu tempo do Giticateu, que era amassado no alguidar e passado na peneira de arumã, só lembrança, aliás, jamais encontrei qualquer embalagem com açaí produzido em Ponta de Pedras.
  • Conterrâneo, você que está sempre perto desta gente, responda para mim: se o açaí é nosso, se temos açaí de excelente qualidade e grande quantidade, se Ponta de Pedras fica perto de Belém, temos água doce em abundância, o Marajó-Açu está ai e não me deixa mentir, energia suficiente para ligar algumas maquinas para bater açaí, então por que não produzimos um litrinho de açaí para exportar para fora do nosso Município. Agora mesmo veja um anúncio oferecendo açaí, sei lá de onde, mas de Ponta de Pedras, necas de pitibiriba. Ai eu pergunto: mas o AÇAÍ É MESMO NOSSO? Tenho minhas dúvidas.

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