segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

DOLORES - A DEVASSA.

Juca e sua família tinham chegado do Itaguary e estavam bebendo uma sobra de açaí com peixe assado enquanto conversavam.
- Mas Juca será que ainda tem alguma caçinha por aí? Perguntou seu Filismino, enquanto roía uma cabeça de traíra.
- Não sei Papai, o Senhor está pensando em dar uma caçada? Indagou Juca.
- É, amanhã, se não chover, eu estava pensando em dar uma espiada lá pela cabeceira do Arapiranga, quem sabe não aparece algum viado, queres ir comigo? Disse seu Filismino.
- Mas se aquietam piquenos, mas vão prucurar o que fazer. Viado…viado, só si o cumpadre Juventino istiver perdido pur esse mato.Disse D. Fuluca.
- Que é isso Mamãe, quem já lhe falou uma coisa dessas? Perguntou Juca.
-Bão..u puvo é qui diz.
Fuluca..Fuluca, olha a tua língua. Disse seu Filismino.
 É bem verdade, eu num tenho prova, mas sinquidia, eu istava cunversando com a cumadre Ismaelina e lá vem u cumpadre Juventino, paricia uma jibóia que inguliu uma capivara.
-Como assim Mamãe? Admirou-se Diquinha.
- Puis é.. mas mea Filha, num é falar mar, que eu num su mulher disso, mas u cumpadre Juventino, com aquela barrigona e se requebrando, mas meu Deus me perdue, era taliquar uma jibóia cum a barriga até bater. Pra cumpletar ele ainda andava e trançava as pernas, iguar aquelas mulheres que parecem um cambito, de tão magras, essas que tu diz que são mudelos, era estorde como o cumpadre andava, eu só nun ri porque enducação fui cuisa que meus pais me deram quando criança e huji num me farta.
- Mas Mamãe dizem que o seu Juventino vivia com a Dolores do Alcobaça.Interferiu Juca.
- Mas quando antão, aquilo era só farol. A Dolores, aquela que não cunsegue cumprar um corpete porque tem us peito grandes? Qui nada meo Filho, aquilo era uma bandalhera só. U velho Juventino queria mundiar u filho da dolores e por isso dava tuda a aposentadoriazinha dele pra ela cumprar as cuisas pra casa e ela se mitia na patifaria com us piquenos du cupichau, tu num sabia disso antão?
- Não eu nunca soube, quem já lhe disse isso então? Perguntou Juca.
- Fuluca..Fuluca, olha o exemplo que tu tá dando pros meninos. Disse seu Filismino.
- Mas Filismino, num te faz de sonso, tu sabe de tudo, acho que tu te mitia naquelas puca vergonha, alem du mais, é u puvo qui fala meo Filho, u puvo. Cumo tu bem sabes eu num pergunto, vivo iscundida nu meu canto, mas me contam, u que eu posso fazer? Iscuto e guarda comigo, só istou te falando porque tu me perguntaste meo Filho, eu su um tumbalo.
- Não Mamãe, túmulo. Disse Juca.
- Pois é.
- Mamãe, a Senhora não deve comentar isso por aí, pode não ser bom. Recomendou Juca.
- Não, eu nun cumento. Mas eu sei é de cuisa desse pessoar. Tu sabe aquele piqueno qui dizem qui é filho du cumpadre Juventino com a Dolores?
- Sim
- Pois é, u piqueno é filho dum abaeteuara que veio pra cá vender uns potes e embarrigu a Dolores quando u cumpadre morava cum ela. Aí, huvi aquele arvuruçu, u cumpadre se zangu, mas fui só farofa, ele sabia de tudo e pra abrandá, u abaeteuara deu aquele reboque que u cumpadre anda e tudu ficu resorvido. Despus, o cumpadre Juventino cumeçu a viajar cum o piqueno pru Abaeté, disque pra cumprar farinha pra revender, mas era um tebeira de uma bentina, era só pro piqueno tumar bença du Pai i angariar arguma cuisinha, u cumpadre Juventino, sem vergonha, servindo de arcovitero, é pura patifaria. Filismino, mas me diz uma cuisa: diz que tu num sabia?
- Eu ouvi um comentário, mas como eu não tinha provas….Respondeu o Pai do Juca.
- Mas Fuluca, quem te conta essas coisas? Perguntou seu Filismino.
- Filismino, num mexe cum a minha buca, dexa ela calada,tu sabe muito bem quem me conta. Tu só num te alembra porque tu fica bebendo as tuas cachaças e num ispia nem na tua ilharga, só te preocupas cum o copa de cachaça e u pedaço de jabá pra tirar u gusto – só num sei como tu consegue cumer aquilo cru, isconjuro.
Nesse momento, vendo que a conversa podia tomar outro rumo, Juca interveio e sugeriu que todos fossem dormir porque tinham que acordar cedo no outro dia.
- Pai, Mãe, Mana, a conversa está boa mas é melhor irmos dormir, amanhã temos que acordar cedo pra ir pra roça. Disse Juca. 
- A é meo Filho, te aquieta qui é melhor. Me dá aquela bagana qui istá no pé daquele isteio e vê si tem um gulinho de café pra mim porque eu istu cuira pra fumar, creio em Deus Pai. Diquinha, num isquece de rezar antes de pegar nu sono. Disse D.Fuluca.
Em poucos minutos, cada um deitado em sua rede, o silêncio tomou conta daquela casa e ouvia-se somente o pio das curujas.  

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

BIBLIOTECA PÚBLICA.

Conversando com um conterrâneo sobre a existência de uma Biblioteca Pública em Ponta de Pedras, soube que existe uma sala no Centro Cultural Bertino Boulhosa, que funciona como Biblioteca. Não tive oportunidade de fazer uma visita para apreciar as obras disponíveis e estudar a possibilidade de oferecer alguma contribuição para aumentar o acervo,mas não faltará oportunidade.
Por outro lado, ainda durante a minha permanência por aí, soube que aquele prédio (chalé) da família do Sr. João Ramos estava à venda. Soube ainda que o preço girava em torno de R$300.000,00 (Trezentos mil reais). Não tenho noção dos preços dos imóveis na Cidade de Ponta de Pedras, mas tenho uma perfeita noção do quanto aquele prédio, embora mal conservado e de uma bela arquitetura, poderia ser util para instalação de uma Biblioteca Pública em nossa Cidade.

Sei perfeitamente que algumas pessoas não dão a devida importância para as bibliotecas, mas sobre essa importância a UNESCO assim se pronunciou:
“Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais. Eles serão alcançados somente através da capacidade de cidadãos, bem informados, para exercerem seus direitos democráticos e terem papel ativo na sociedade. [..] A biblioteca pública, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condições básicas para a aprendizagem permanente, autonomia de decisão e desenvolvimento cultural dos indivíduos e grupos sociais.” (Manisfesto da UNESCO sobre Bibliotecas Públicas).
Tendo consciência da importância do conhecimento para a sociedade, acho que os governantes deveriam dar a devida atenção para a criação das bibliotecas públicas, principalmente nos pequenos municípios ainda muito carentes de equipamentos de disseminação de cultura, onde podemos incluir Ponta de Pedras.
Nosso Município é carente de recuros, pois, basicamente sobrevive com os recursos oriundo do Funda de Participação dos Municípios (FPM) distribuídos pelo Govêrno Federal, no entanto, se os responsáveis pela administração desses recursos tivessem interesse na implantação de uma biblioteca pública, certamente seria possível, outros empreendimentos que necessitavam de investimentos foram realizados.

A Prefeitura Municipal poderia dentro de suas possibilidades adquirir um prédio com a finalidade de ali instalar a Biblioteca Municipal, o chalé, pelas suas características e mesmo localização, depois de restaurado ficaria apropriado para essa finalidade.
A obtenção de recursos para aquisição de um imóvel para essa finalidade, no meu entender, não deve ser dos mais difíceis, no entanto, o pretendente deve apresentar um projeto, principalmente para o Govêrno Federal, mais especificamente para o Ministério da Cultura ou tentar um empréstimo junto a uma instituição financeira. Esse projeto deve demonstrar claramente os objetivos, a importância e a consequente necessidade da aquisição de tal imóvel .
Durante minhas inúmeras visitas pelo interior do Pará, constatei que elaborar projetos para obtenção de recursos não é uma tarefa rotineira para os municípios e assim, verbas que poderiam ser conseguidas para um determinado municipio deixam de ser obtidas por falta de um bom projeto.
Não sei se Ponta de Pedras se inclui entre os municípios que têm dificuldades para angariar recursos junto aos órgãos federais por falta de bons projetos, mas se existe tal carência, seria bom treinar algum funcionário ou contratar serviços de terceiros para suprir essa necessidade. Se ainda assim, persistir a dificuldade de mão-de-obra, nosso município tem um filho da terra que faz exatamente esse serviço num órgão federal e certamente não deve ser opor em dar treinamento sobre o assunto, bastando para isso ser consultado sobre essa possibilidade.
A internet também disponibiliza vasto material didático que pode servir de subsídio para que nossa Cidade tente obter recurso para a implantação de uma biblioteca pública mas é preciso interesse político e participação de todos.
Pensem nisso.   

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AINDA FALANDO SOBRE O CÍRIO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - 2011.


Um dia desses, comentei os acertos observados por mim durante as festividades do Círio de Nossa Senhora da Conceição-2011. Naquela oportunidade, disse que posteriormente falaria dos pontos que na minha opinião deixaram um pouco a desejar. Então vamos lá!
1)    O péssimo gosto musical para animar as festividades da Santa continuaram, nem tanto pela música em sí, mas pelo alto volume da aparelhagem instalada na praça. Somos do interior? Somos. Somos caboclos? Também somos, mas achar que o volume do som e aquele DJ/locutor abrilhantam festa, santa paciência, isso é de fazer chorar de desgosto. Temos excelentes músicos por aí que deveriam ser aproveitados, tenho certeza que deixariam a população mais satisfeita do que o Som Paulão e talvez o custo fosse menor.
Acho que estão misturando festa de santo com politicagem. Até entendo que político não mede consequências para aparecer para seus eleitores, essa é a profissão dele, faz de tudo para manter seu cargo e se possível garantir mais um mandato ou sabe-se lá quantos? O que me deixa perplexo é todo evento ter político envolvido. E se tem político, evidentemente o evento sairá com a cara de um comício. Vide o aniversário da Cidade e olhe para a camisa que foi ofertada. Em primeiro plano aparece o Prefeito e em segundo plano a Cidade. Não deveria ser o inverso, já que o aniversário era da Cidade? Nosso Prefeito deveria e deve ser destaque no aniversário dele, aí sim, vamos homenageá-lo, se merecer.
Nossa Cidade deveria ter um calendário das festividades elaborado anualmente, e ali, constar a discriminação de todo o desenrrolar do evento.Festas como carnaval, Aniversário da Cidade, São João, Círio e outras comemorações que não sejam políticas, deveriam ter relatórios após o término para se poder avaliar cada ano. Ao término de uma festa e depois da reunião da Diretoria ou outro nome que se queira dar para os responsáveis pela organização, deveriam ser anotados os possíveis melhoramentos para o próximo ano, mas sempre mantendo uma estilo que caracterize perfeitamente determinado evento, pois assim, a festa cria uma identidade e todos sabem como será tal festa em Ponta de Pedras, sempre procurando melhorar a cada ano;  
2)    Outro problema que continua é aquele carrinho de cachorro quente na praça, não custa nada mudar de lugar e assim tirar de um local impróprio. Talvez colocando ali ao lado do outro carrinho, que fica ao lado da Casa Tavares, acho que os dois podem conviver harmoniosamente. Os organizadores têm que levar em conta que inúmeras pessoas que vão passear na pracinha não gostam de ficar com cheiro de frituras impregnado na roupa e principalmente nos cabelos. Aqueles bancos da praça que ficam nas proximidades daquele carrinho de lanches não se pode sentar porque, o odor da fritura incomoda demais.
3)    A frente da Cidade continua com muito lixo acumulado. Sei perfeitamente que a Prefeitura manda limpar e certos munícipes não prezam pela manutenção da limpeza, mas infelizmente essa é a regra, sempre terá que ser limpo, não se pode deixar acumular senão fica com aquele aspécto de abandono e isso não é bom para a imagem da Cidade e dos administradores. Os encarregados do setor de limpeza, ao se aproximar uma festa, devem fazer uma inspeção minuciosa na Cidade, principalmente nos pontos críticos que todos sabem e verificar se necessita de uma maior atençao para deixar em condições razoavéis de apresentação.

                                         Frente da Cidade.
Finalmente;
4)    O som das aparelhagens que tocam nas festas são extremamente altos, incomodando os vizinhos dos salões e de todos que não gostam de tanto barulho. Sabemos que um bom som não precisa ser tão alto, principalmente quando o ambiente é pequeno, como os salões de festas. Se for aberto, como num campo de futebol ou algo parecido, até se justifica, mas em pequenos locais, sinceramente, é de péssimo gosto, mas que fazer? Segundo apurei, o motivo daquele volume tão alto, é que o povo gosta. Se realmente for assim,paciência, mas tenho quase certeza que nem todos moradores das imediações das festas compartilham de tal procedimento.
       Evidentemente deve ter havido outras pequenas falhas que não foram observadas por mim, pode ser que essas observadas por mim sejam insignificantes ou mesmo nem sejam consideradas falhas dignas de atenção, contudo, procuro sempre expor meu pensamento para que as pessoas que decidem, de alguma forma saberem qual o pensamento do público para quem eles estão se propondo atender e melhorar, se for o caso. Assim, posso afirmar que todos estão certos nos seus propósitos, contudo, a crítica deve ser encarada como uma ajuda, visando uma possível melhora.
 Pensem nisso.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

EXEMPLO QUE PODERIA SER SEGUIDO.


Normalmente fazemos uma visita a um shopping, pelo menos para aproveitar o bom clima em época de calor ou tomar um cafezinho, que é o meu caso.
Um dia desses, eu estava sentado saboreando meu café e observei uma cena que chamou minha atenção. Um casal estava andando tranquilamente, em certo momento, o rapaz tirou um telefone celular do bolso e fez uma ligação. Em seguida ouvi o rapaz dizer: - O quiosque tal em frente a loja tal está com o som muito alto. Manda baixar! Olhei para o local mencionado pelo rapaz e apurei os ouvidos, realmente tinha um som relativamente alto, nem se comparava ao “Som Moraes” que tocou em Ponta de Pedras, nem com o “Som Paulão” que fica aí pela praça, longe disso. Em seguida o casal continuou andando como se nada tivesse acontecido.
Aguardei o desenrrolar daquela cena e não mais que tres minutos e som foi reduzido. O rapaz não tirou nada do bolso além do celular, nem portava nenhum equipamento, o que me levou a deduzir que apenas o bom senso dele indicava que aquele barulho, embora apreciado por alguns, não estava de acordo com alguma norma pre-estabelecida.
Imagino que o serviço daquele casal ou pelo menos do rapaz seja exatamente esse, verificar as irregularidades que estão acontecendo e acionar alguém para normalizar a situação, não é mesmo? Achei interessante e de imediato vi aplicação em inúmeros lugares que podem ter autoridade, podem ter as normas mas como essas normas não são verificadas, são desobedecidas.
 Um exemplo claro é Ponta de Pedras.
Durante o Círio, o barulho das aparelhagens, principalmente do “Som Moraes”, de Barcarena e do “Som Paulão” daí de Ponta de Pedras, produziam barulho ensurdecedor que pode agradar alguns, contudo, não estão de acordo com as normas de silêncio estabelecidas para áreas residenciais. Ponta de Pedras deve ter código de postura ou outra norma que estabeleça um horário para fazer silêncio, como tem em qualquer município, mas essa norma, se existe, não é obedecida e nem verificada seu cumprimento, aí dá no que dá, ninguém respeita seu semelhante, pouco estão se importando se incomodam as pessoas. Fazem o que bem entendem.Parece que a cidade lhes pertence e os moradores são simplesmente seus dependentes. Essas pessoas não demonstram nenhum respeito por aqueles que não compartilham do mesmo gosto.
 Acho que os vereadores, que foram eleitos para representar o povo, poderiam verificar isso, não para proibir, pois isso não lhes compete, mas para levar o assunto ao debate, de tal forma que fosse tomada alguma providência.
Quando eu viajava pelo interior do Pará, conheci uma Autoridade no Município de Porto de Moz que ela mesmo fazia cumprir a lei, pois, ia nas festas após às 23 horas acompanhada de policiais verificar se ainda tinha algum menor nas festas e com uma batuta, batia no ombro daquele/a que estava descumprindo a determinação e o menor se retirava da festa sem esboçar nenhuma reação. Todos conheciam aquela Autoridade.
Acho que nosso município ainda está caminhando a passos lentos para que bons exemplos sejam seguidos, principalmente aqueles que beneficiam o povo de um modo geral. Entendo que seja difícil mudar comportamentos que já estejam enraizados, contudo, é necessário que certas mudanças sejam iniciadas o quanto antes e que, a população, acredite em nossos governantes. Que esses procurem trabalhar, primeiro para fazer jus ao ordenado que ganham e sustentam seus familiares e a sí próprio e segundo para honrar promessas que certamente fizeram na hora de pedir votos para se elegerem para o cargo.
Quanto aos meus irmãos Pontapedrenses, não esqueçam que já estamos em 2012 - ANO DE ELEIÇÃO – e dentro do possível, procurem conhecer bem cada candidato a prefeito/vereador, são eles que estabelecem ou deveriam estabelecer as normas de conduta do nosso Município.
Pensem nisso.

PARQUE DA CIDADE, EM NITERÓI - FOTO

02JAN2012 by Rdiaspp
02JAN2012, a photo by Rdiaspp on Flickr.
FOTOGRAFADO NO PARQUE DA CIDADE - NITERÓI.