Sempre que tomamos um cafezinho, geralmente fazemos
uma comparação: este café é melhor do que aquele ou este não parece com o café
de tal lugar. Esta comparação refere-se à qualidade do café, que pode ser
influenciada por vários aspectos, tais como: o grão, a temperatura da água, a
quantidade do café, o ponto de torrefação e por ai vai, o importante é que nem
sempre os produtos oferecidos são iguais e aquele que oferece um produto
melhor, com melhor QUALIDADE, tem a nossa preferência. Isso acontece com
qualquer produto, em qualquer lugar, seja uma grande indústria que ofereça um
produto ou um pequeno vendedor. Daremos preferência e terá maior sucesso, aquele
que oferecer um produto de melhor qualidade. Isto não é nenhuma novidade.
Essa preocupação com a qualidade, inicialmente
visava somente às empresas que ofereciam seus produtos aos consumidores, e,
portanto, voltada para o lucro. Com o tempo, a qualidade foi sendo aplicada
também aos serviços, sempre envolvendo a iniciativa privada. Hoje é diferente,
o serviço público, também, preocupa-se com a qualidade.
Ainda hoje, em alguns órgãos da administração
pública, alguns funcionários ainda imaginam que prestam um serviço gratuito,
que o serviço público é grátis, quando a realidade é outra, pois, quando
pagamos nossos impostos, esses irão para o caixa do Governo cujo objetivo é
devolver esses impostos em serviços para a população, portanto, o serviço que um
órgão público presta, já está pago e essa é a visão atual do Governo Federal,
embora ainda pouco disseminada entre os governos estadual e municipal. Essa
mudança de visão deve-se ao fato de que, a Administração Federal, responsável
pela aplicação dos recursos públicos, visa atender ao CIDADÃO, satisfazer suas
demandas, prestando serviços de boa QUALIDADE, o cidadão deixou de ser
apenas um usuário dos serviços públicos e passou a ser um CLIENTE-CIDADÃO. Essa
visão é relativamente nova e aos poucos está sendo implantada nos órgãos
públicos e espera-se que, os três níveis de governos se empenhem para que o
cidadão seja satisfeito com serviços de boa qualidade prestados pelo Estado.
Para o êxito desse processo, todos envolvidos com o
serviço público devem estar conscientes das suas responsabilidades e disponível
a aceitar algumas mudanças, sem as quais, o êxito do programa de qualidade poderá
ficar seriamente comprometido e os serviços públicos continuarem a ser
classificados como de péssima qualidade.
O assunto qualidade começou a ser disseminado nos
Estados Unidos, com W.E.Deming no início do século XX, mas foi o Japão que
realmente implantou o programa e o êxito, é o que vemos até hoje: a
confiabilidade nos produtos japoneses. Depois, com o grande êxito dos produtos
japoneses, outros países adotaram inclusive o Brasil. Inicialmente na
iniciativa privada e depois no serviço público.
Deming estabeleceu 14 princípios que, se aplicados,
podem melhorar a qualidade de produtos ou serviços, são eles:
1º princípio: Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e
do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem
como criar emprego;
2º princípio: Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A
administração ocidental deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas
responsabilidades e assumir a liderança no processo de transformação;
3º princípio: Deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a
necessidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu
primeiro estágio;
4º princípio: Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés
disto, minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item,
num relacionamento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança;
5º princípio: Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de
serviços, de modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente,
reduzir de forma sistemática os custos;
6º princípio: Institua treinamento no local de trabalho;
7º princípio: Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as
pessoas e as máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia
administrativa está necessitando de uma revisão geral, tanto quanto a chefia
dos trabalhadores de produção;
8º princípio: Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz
para a empresa;
9º princípio: Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas
em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a
preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço;
10º princípio: Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam
nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações
apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da
baixa produtividade encontram-se no sistema, estando portanto, fora do alcance
dos trabalhadores;
11º princípio: Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção.
Substitua-os pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos.
Elimine o processo de administração por cifras, por objetivos numéricos.
Substitua-os pela administração por processos através do exemplo de líderes;
12º princípio: Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito
de orgulhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada
de números absolutos para a qualidade; remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da avaliação
anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos
13º princípio: Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento.
14º princípio: Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A
transformação é da competência de todo mundo.*
Esses 14 princípios, transcritos em: DEMING, W. E. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de
Janeiro: Marques Saraiva, 1990, deixa claro que a qualidade era voltada para as
empresas, depois, conforme mencionado utilizou-se no serviço público que, no
Brasil, segundo Augustinho Paludo (2013), afirma:“A reforma gerencial de 1995
incorporou a ideia da qualidade e a definiu como “a satisfação das necessidades
e expectativas do usuário-cidadão”: se ele está satisfeito, é sinal de que os
serviços têm qualidade, e se ele não está, é sinal de que os serviços devem ser
melhorados. Portanto, não é “simplesmente a presença ou a ausência de alguma
propriedade” que caracteriza a qualidade no serviço público, mas o atendimento
satisfatório dos cidadãos”
O importante é notarmos que hoje, a
visão dos governantes no que concerne à prestação dos diversos serviços
públicos é atender a necessidade do cidadão, consequentemente, obter a
satisfação da comunidade e o reconhecimento de um bom serviço ofertado/prestado pelo
governo, passa a ser o principal objetivo de qualquer administrador, seja
federal, estadual ou municipal.
Dentro dessa nova visão de
administração, se ainda não implantada na administração de Ponta de Pedras, cabe
aos administradores envidarem esforços para que nosso Município ofereço
serviços de qualidade, visando atender à comunidade pontapedrense.
* - os 14 princípios e a referência, foram copiados de: www.datalyzer.com.br.
* - os 14 princípios e a referência, foram copiados de: www.datalyzer.com.br.