Hoje, 29
de março de 2013, portanto, sexta-feira santa, ao passar por alguns locais aqui
em Niterói, notei que já não se guarda os dias santos como antigamente. No
tempo do dantes, como diria seu Vadico meu Pai, se vivo fosse, tudo era muito
diferente. Naquela época, quando eu ainda residia no Giticateu, a semana
santa era algo que levávamos muito a sério, os pirralhos que fizessem alguma
traquinagem nesse período, que começava na sexta-feira que antecedia a
sexta-feira da paixão, nada sofriam, pois, seus corretivos seriam aplicados no
sábado da aleluia porque durante a semana santa tudo era relevado e respeitado.
Na sexta não se trabalhava, nem para se conseguir a bóia, essa, sempre peixe, era
conseguida nas camboas, nas lenceadas ou cacuris que as famílias despescavam e
o produto guardado para comer na sexta-feira. Quem não podia comer um peixinho
fresco, comprava peixes salgados tais como: piranhas , aracus, apaiaris,
trairas, jejus, tamuatás e outros peixes que enchiam os paneiros feitos de
talas de meriti e forrados com folhas de arumã disponíveis nas entradas das
tabernas do Itaguary. Na sexta-feira santa era silêncio total, não se falava
alto, não se fazia zoada e grito nem pensar! Nesse dia, as rádios de Belém tocavam
músicas sacras e à tarde, quem tivesse rádio de pilha era comum ouvir as tres
horas da agonia. Era respeito total.
Já no
sábada da aleluia o pau comia no centro, quem tivesse dívida no cartório
pagava, às vezes, com uma surra, eram raras é bem verdade porque inúmeras
estripulias já tinham sido esquecidas. Bom mesmo era o arrasta-pé que
aguardávamos ansiosos. Existiam algumas festas boas, com bons picarpes, onde se
dançava forró, boleros, valsas, mazurcas e os merengues de Luis kalaff fazim
sucesso. Los corraleros de Manjugual tocava pouco porque suas músicas eram
raras por aquelas bandas. É importante citar que no sábado da aleluia, a festa
do Parriba era a melhor e mais esperada, a casa da festença ficava longe de
Ponta de Pedras é bem verdade, mas valia a pena, às vezes, íamos numa canoa
motorizada que levava a aparelhagem, normalmente a do Seu Bertino Boulhosa,
depois o Claúdio e o Rui assumiram, o Claudio ainda ia mas o Rui era difícil, outras
vezes íamos a remo mesmo, mas uma coisa era certa, as festas sempre foram um
sucesso. Hoje, acho que somente restam as lembranças, sinceramente, não sei se
a família do seu Parriba ainda continua com a tradição. Seria ótimo se ainda
existisse a festa.
Hoje,
está tudo mudado, minha cunhada Maria do Apito, diria: - Mundinho, são tempos
modernos!
Ainda há pouco
passei por um bar e um senhor estava meio-pau-meio-tijolo; numa mesa um grupo
de pessoas conversava animadamente e
inúmeras garrafas de cervejas estavam vazias, alguns supermercados abrem até às
22:00 horas, os demais estabelecimentos dos bairos estão funcionando, até eu
que se estivesse no Giticateu ficaria em casa, fui dar minha caminhada. É, os
tempos mudaram mesmo!
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