sábado, 25 de janeiro de 2014

A OLARIA DO "SEU" JOAQUIM.




Alguns dos meus conterrâneos não devem lembrar, mas ali no ponto certo, além da serraria que não existe mais, tinha a Olaria do seu Joaquim Mariano, provavelmente não se tem nem foto daquelas instalações. Além do parentesco dos proprietários, naquela época, os funcionários eram muito unidos e constantemente jogavam bola na moinha, que era um campinho feito com serragem que vinha da serraria. Aquela “pelada” era bastante concorrida e ali jogaram alguns meninos que tinham intimidade com a bola, como o Marciano e Zé Tabaco, filhos do Sr.Luiz Tabaco, dentre outros.

O terreno da Olaria começava depois da Casa Prosperidade, que era do seu Chico Goiaba e depois passou para o seu Nemorino. Tinha a barbearia do Altino e vinha uma parede de madeira da Olaria do seu Joaquim Mariano. Meu Pai e meu Irmão Maximino trabalharam lá.

Eu era garoto e frequentemente ia buscar meu Pai que fazia "cerão". Quando ia ao Itaguarí, era assim que chamávamos Ponta de Pedras, sempre ia na Olaria. Eu gostava de ver o ambiente daquela turma trabalhando, ganhavam pouco e dinheiro era difícil de ver, só vale, que seu Joaquim dava pra ser aviado no seu Chico Goiaba. Eu observava que, aquele pessoal era feliz. Ainda lembro como se tratavam e as funções que exerciam por ali:

a)     Vadico (apelidado de Bararu) – Era meu Pai, trabalhava no amassador de barro. O barro era amassado e podia ser feito tijolos ali mesmo ou preparado para fazer telhas. Nas horas de folga meu Pai tocava viola nos cordões que saiam na quadra junina;

b)    Miguel do Binga, Raimundo Simplício e Nelito, faziam telhas com uma habilidade incrível e arrumavam nas prateleiras para secar. Nas horas de folga o Miguel do Binga era vaqueiro de Boi na quadra junina e o Raimundo Simplício cortava cabelo, depois inaugurou uma barbearia ali em frente ao mercado novo. Aquele mercado foi construído onde era a casa da dona Tapuia, mãe do Custódio e da Adelina. O Nelito passou a trabalhar na SUCAM e recentemente, o encontrei na embarcação que faz o transporte de cargas e passageiros para Ponta de Pedras. Ainda tinha o Cuiú, que trabalhou um tempo fazendo telhas, depois passou para o transporte de barro dos barreiros.

c)     BELO – Trabalhava com meu Pai no amassador. Num carrinho de mão, feito de madeira, inclusive as rodas, carregava o barro para abastecer os oleiros que faziam as telhas ou levava os tijolos para secarem nas prateleiras;

d)    PAQUETÃO – era o forneiro, responsável pelo perfeito controle da temperatura para o bom cozimento das telhas e tijolos. Era comum ir várias vezes botar lenha no forno mesmo que estivesse num ajuntamento.Vi o Paquetão jogando de centrefour, hoje contro-avante, num campo que existia onde fica a catedral, naquele campo, assisti inúmeras partidas dos times ponta-pedrenses, ali o Paquetão fez bonito com a bola nos pés;

e)     Maximino – Era quem ia buscar o barro nos barreiros, para isso, usava os batelões da Olaria. Ia e voltava gingando com remo de faia. Na volta, tinha que chegar com a maré cheia para que o batelo entrasse numa baixa (riacho) que existia ao lado da Olaria para descarregar, hoje o riacho já foi aterrado. O Maximino fazia essa faina sozinho, às vezes, levava um ajudante, eu ainda fui  quando estava de férias por aí. Nas horas de folga meu irmão gostava de ser amo de cordões e modéstia à parte, era um dos melhores.

Para completar, falta o nome da pessoa que fornecia a lenha para manter o forno aceso, como não era funcionário da Olaria, não tenho lembrança, contudo, um cidadão que tinha uma deficiência na mão, conhecido como Jereba, geralmente descarregava lenha por ali.

Quando estive em Ponta de Pedras pela última vez fui tomar um banho no Ponta Certo e passando pelo antigo campinho de moinha, notei que tudo foi invadido e hoje, talvez não seja possível manobrar um carro pequeno naquele espaço. Ao subir na ponte a primeira recomendação que recebi era para ter cuidado com a poluição, pois existia um esgoto sanitário despejando dejetos ali junto ao ex-campo, na beira do Rio. Não confirmei, mas posso afirmar que, aquelas casas que foram construídas no lugar da Olaria, algumas devem jogar esgoto sanitário no Rio porque pode-se visualizar o cano se olharmos daquela rampa que fica ali perto. É uma lástima. 

É uma pena que a Olaria tenha terminado assim,que em seu lugar, construíram uma vila sem nenhum projeto que pudesse tornar a frente da cidade mais bonita.Aquele terreno certamente está incluído nos terrenos de marinha e a Prefeitura poderia ter dado outra destinação para aquele espaço, uma praça, um local para formar mão-de-obra, um órgão da Prefeitura, uma obra que pudesse ser apreciado pelos que chegam na cidade. Aquele visual poderia ser melhor.

Ainda resta o terreno da Serraria que poderá ser adquirido pela Prefeitura e destinado a algum projeto que venha beneficiar o povo. Constata-se que Ponta de Pedras é carente desses espaços, pois, os que existiam foram ocupados em outras administrações.

Ponta de Pedras precisa crescer, o povo precisa de projetos que possam gerar rendas, mas para isso, é preciso pensar em investimentos, principalmente em obras que, de alguma forma, beneficie a população. 

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