quarta-feira, 13 de agosto de 2014

FALHAS QUE PODEM SER SUPRIMIDAS.



                                     
Eu tenho observado que sempre que algo não vai bem num determinado município, culpa-se o prefeito, esse fato acontece em função do prefeito ser o responsável pela boa administração municipal, isso é normal. É assim nas empresas, nos times de futebol, nas forças armadas, sempre quem responde é o chefe geral e o prefeito é o chefe geral, podemos assim dizer. Acontece que mesmo sendo responsável, nem sempre ele é o executor dos serviços, às vezes, abaixo do chefe têm inúmeras pessoas responsáveis pela execução das tarefas e algumas com vários anos desempenhando a mesma função o que seria um bom motivo para que o serviço feito pela pessoa tivesse um mínimo de erro ou até mesmo fosse desprovido de erro, mas nem sempre é o que acontece. Algumas pessoas, com anos fazendo determinado serviço, apresentam deficiências injustificáveis, seja por falta de treinamento ou mesmo desinteresse em bem desempenhar a função que lhe compete.
Um dia desses, por curiosidade, resolvi dar uma olhada nas prestações de contas que as prefeituras do Marajó fazem junto ao Funda Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O FNDE repassa determinada verba para uma prefeitura em determinado programa, a prefeitura aplica essa verba e depois presta conta junto ao Fundo. É uma operação simples e rotineira, já realizada por qualquer servidor público que geriu alguma verba do Governo Federal. Não tem mistério. Contudo, quem vê as prestações de contas dos municípios marajoaras, constata que inúmeras processos anuais, de todos os municípios da Ilha não foram aprovadas. Os motivos são os mais diversos, chega a surpreender, uma vez que, em alguns casos, essa prestação de conta já vem sendo feita por vários anos e provavelmente pela mesma equipe. Para mostrar o que estou dizendo, selecionei sete programas mantidos pelo FNDE, são eles:
.PDDE – Programa dinheiro direto na escola;
.PNAE – Programa nacional de alimentação escolar;
.PNATE –Programa nacional de apoio ao transporte escolar;
.PEJA – Programa apoio ao sistema ensino p/atendimento ao EJA;
.BRALF – Programa p/alfabetização de jovens e adultos – Transf.direta;
.EJA – Programa de apoio p/educ. fundamental de jovens e adultos; e
.PDDE/PDE – Escola – Plano desenvolvimento da educação –PDE.
Depois fiz uma tabela, conforme mostrada abaixo, onde constam os 16 municípios da Ilha do Marajó.
                    PDDE  PNAE  PNATE  PEJA  BRALF  EJA  PDDE/PDE
Afuá             8/10     8/10        5/6        0/4      0/6         1/3       2/3
Anajás          7/10     7/10        3/6        2/4      0/6          0/3      2/3
Bagre            4/10     7/10       2/6        1/4       1/6          2/3      1/3
Breves          7/10     8/10       3/6         1/4       0/6         3/3       1/3
C.Arari         6/10     7/10      1/6         0/4        0/6        3/3       1/3
Chaves         5/10     8/10       0/6         0/4        0/6       2/3         -
Curralinho   5/10     8/10       4/6         2/4        0/6       2/3       0/3
Gurupá        7/10     8/10       2/6         2/4        0/6       1/3       0/3
Melgaço      7/10    7/10        1/6        2/4        0/6        2/3       1/3
Muaná         5/10     7/10      1/6        1/4         1/6       1/3       0/3
P.Pedras       3/10     7/10      3/6        0/4         1/6        2/3      1/3
Portel           4/10     8/10      1/6       1/4         0/6       3/3        0/3 
Salvaterra    5/10     7/10      1/6        0/4         0/6      3/3        1/3
S.C.Arari     4/10     9/10      2/6        1/4          -         0/3         -
S.Sebastião  4/10    6/10      4/6         2/4        0/6       3/3        0/3
Soure           7/10     7/10       3/6       1/4            -       1/3        2/3
A tabela foi feita da seguinte forma: na primeira linha constam as siglas dos programas. Na primeira coluna os nomes dos municípios e ao lado do nome de cada município constam, à esquerda, as prestação de contas aprovadas e a direita, o números de prestação de contas apresentadas ao FNDE, sendo que eu considerei 10 anos, entre o ano 2000 e o ano 2009. Esclareço que constam somente as prestações de contas aprovadas, por exemplo: Afuá, no período considerado, apresentou 10 prestações de contas do PDDE e somente conseguiu aprovar 8, dai 8/10. Nada consta sobre a prestação de contas de Chaves relativo ao PDDE/PDE, talvez não tenha recebido verba. Ponta de Pedras por exemplo, entre 2000 e 2009, apresentou 10 prestações de contas relativas às verbas do PDDE e só aprovou 3;no PEJA, não teve nenhuma aprovada e das 6 BLALF, só aprovou uma.
Vendo a tabela, notamos que os números de prestações de contas não aprovadas é muito grande, vários são os motivos, tais como: falta de atendimento de alguma solicitação do FNDE, instauração de algum procedimento pelo TCE, sendo feito alguma diligência, sendo diligenciadas pela CGU, algumas constam apenas como recebidas, são vários os motivos e quem se interessar pode ver no sitio do FNDE, que está disponível para consulta e de onde retirei os dados constantes da tabela.
O motivo de preocupação é por que uma prestação de contas relativamente simples, em que, certamente nas próprias instruções dos programas constam as orientações como gastar e comprovar a verba, como se diz, é uma verba carimbada pode ocorrer tantas discrepâncias nas prestações de contas. É elementar que verba para merenda escolar, não pode comprar remédio nem peças para motor e vice versa, isso está previsto. Como resolver essas falhas? Treinando o pessoal incumbido dessa faina e principalmente melhorando o gerenciamento do setor, porque pelo que se vê, não é problema do prefeito em si, e sim do pessoal que trabalho na prefeitura, que precisa se capacitar melhor.

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