segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O DIA EM QUE O "JUCURARU" ROI O RABO.


No sítio, tem dia que amanhece chuviscando, aquele burrisco fininho e nossa vontade é ficar enrrolado na rede, de longe, parece até um sucuriju que engoliu uma embiara. No fogão, os tições apagados, denunciam que a boia naquele dia está vasqueira. A chuva continua com aquela zoadinha gostosa na palha de inajá bem mupicada. Lá fora, o tijuco liso que só mussum, tira a coragem de meter o pé na lama, o mijacão ou a frieira rondam cada pé. Credo!
A maré seca no igarapé, tira a vontade de botar o casco n’água porque um ananinzeiro atravessado bem no rego do igarapé impede a passagem, paresque é praga! tem-se que descer e puxar o casco para contornar a árvore caída.
Café, farinha, açúcar e demais mantimentos precisam de uma intera. A mandioca apodrecendo na roça, ainda mais agora com as chuvas. Se não fosse os caititus e os porcos que aparecem por lá, os pai-lourenços poderiam ficar mais um tiquinho de tempo aguardando, mas se não tiver farinha que adianta a boia?
O açaí está vasqueiro, uns cachinhos que tinham ali na pontinha já foram apanhados e os tucanos e araçaris não dão trégua, acabam o restinho que ficou. Alguns ainda estão verdes… nem paró pro bebe. Para catar alguma vassourinha tem-se que ter coragem porque as árvores ficam lisas que nem sabão.
Despescar um cacori? Talvez. Mas com as águas vivas os peixes somem, somente alguns gitos podem estar por lá; camboas não tem dado nada e os matapis não foram iscados. Com esse haver de chuva, mundés e armadilhas não são armadas; tapagens não são feitas, lenternar ...nem pensar.
O rompe-mato continua enrrodilhado no pé do esteio. Só o cochito que ronca, fuçando o caroçal. Nem as galinhas desceram dos puleiros!
No jirau, as panelas tisnadas estão vazias. Tem lenha, mas querosene e fósforo só tem uma rebarbinha.
Pois é, um dia desses, lá no sítio, dizemos que é o dia em que o jucuraru roi o rabo.

10OUT2011

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