sábado, 17 de novembro de 2012

MEUS VIZINHOS QUANDO MORAVA NO GITICATEUA.



Pois é, como falei sinquidia, eu nasci ali naquele igarapé que fica quase em frente a Ponta de Pedras, sou ‘cabuclo’ do Giticateu. Ainda lembro dos nossos vizinhos da época, pessoas amigas que podia-se contar quando precisávamos de alguma coisa; sal, querosene, um pouquinho de açúcar era comum pedir emprestado e devolver no dia seguinte. Evidentemente, não lembro de todos mas lembro de muitos deles. No interior não tem bairro para localizarmos adequadamente cada casa, nós comumente damos alguma referência para facilitar a localização de algum lugar, as casas nas margens dos rios não são numeradas e isso dificulta localizar uma pessoa quando não se é do local ou não conhecemos ninguém que more ali por perto.Dessa forma é comum dizermos que fulano mora acima do igarapé tal, perto da casa de alguém conhecido, na enseada tal, e assim, podemos localizar perfeitamente o local onde a pessoa mora. No meu caso, vou limitar meu espaço entre a Ponta, onde morava o Seu Bernardino e o Igarapé Jenipaúba. Para os pontapedrenses que não sabem, a Ponta fica em frente ao terreno da família do Sr. Flávio, pai do Gracindo,Gregorino, José e outros filhos. Já o Igarapé Jenipaúba fica bem em frente  Ponta de Pedras.
Pois bem, ali na Ponta morava o Sr. Bernardino e logo que dobrava, indo na direção do São Miguel, portanto subindo o rio, vinha a casa do Sr. João Lopes, que era pai do Vespasiano e se não me engano do Bernardino, que foi Prefeito de Ponta de Pedras, não lembro dos nomes dos outros filhos. O Sr João Lopes era filho do Sr. Bernardino. Confesso que eu não gostava de ir a remo para o São Miguel, só porque tinha que passar por ali. Se fosse na enchente, era uma maravilha, pois, ao dobrar a ponta era só apontar a montaria no rumo do São Miguel e ir em cima da enchente, conversando. Contudo, se fosse contra a maré, aí a coisa ficava preta, porque ao dobrar a ponta tínhamos que ir abeirando e a maré carria muito, era um sofrimento remar contra a maré.
Na Ponta tinha um pequeno comércio do Sr. Bernardino onde aviava os moradores ali da redondeza. Na parte de trás da casa tinha uma escola, foi ali que iniciei o ABC, lembro bem que no intervalo da aula brincávamos embaixo de uma árvore grande que existia no quintal, a professora morava em Ponta de Pedras, infelizmente não lembro o nome dela. Descendo o rio, vinha o terreno da Dona Serena Amanajás, Mãe do Higino, Wandick e do Grilo, eu não lembro ter visto a D. Serema por lá, lembro que um dos moradores era o Sr. Paulo Serra, um dos inúmeros Serras que tem em Ponta de Pedras. Descendo mais, tem um Igarapé, o Arapiranga, que separava os terrenos da D. Serena e da D. Zulmira, Mãe do Zebé que moravam ali e, no Arapiranga, lá pra cabeceira, morava a família da Maria Magnólia irmã do Zezito,jovens da minha época.
Depois do terreno da D. Zulmira, vinha o Igarapé Giticateu, que separava o terreno da D. Zulmira do terreno do Tio Catito, foi nesse Igarapé que eu nasci e morei até aos nove anos, quando fui correr terra. No Giticateu morava a minha família, composta pelo meu Pai Vadico, minha Mãe Flozita e meus irmãos: Maximino, Iracindo (apito), Mundinho (eu), Graça, Nardino, Antonino e outra irmã, Emília, que morava em Ponta de Pedras com a família do Sr. Zeca e D. Gloria. No mesmo Igarapé, em frente ao nosso terreno,morava o Sr. Laurindo (Vélorindo como era conhecido), sua esposa Raimunda e o filho Armando e, mais acima, meu tio João e sua esposa Cota mais os filhos Adorfina, Agripino, Terezinha, Francisco (Tio Chico), Jota e Cota. Parte da família do tio João, a Cota e esposo ainda moram no mesmo lugar.   
Na “boca” do Giticateu, na parte de baixo, morava o tio Catito com a tia Andreína e seus filhos:Almiro (casou com uma filha da D. Serena), Olga (casou com o filho do Lauro Pinto), Osmarina (casada com o Higino), Altamiro, Aldoliro, Pretinho, Noca, Angertrina,Coquinha, os mais novos não lembro o nome, hoje moram em Belém; recentemente visitei a tia Andreína e tive a felicidade de encontrar a minha tia firme como um matamatá, o tio Catito já não está mais no nosso convívio. Abaixo da casa do tio Catito, vinha o terreno e a casa da tia Tila, Mãe da tia Andreína, portanto, sogra do tio Catito.
Descendo mais um pouco o rio Marajó-Açu, por trás da ilha do Sr. Terto, que morava na ilha, vinha a casa do Sr. Zé Tavares e da tia Raimunda, Mãe da Nila. A tia Raimunda era uma pessoa maravilhosa, sempre alegre, andando rápido e falando muito. O tio José, como chamavámos, era o grande companheiro do meu Pai que juntamente com o Sr. Romeu sentaram muitas camboas pelas beiradas pontapedrense.
Mais abaixo da casa do Sr. Zé Tavares vinha a casa do Sr Agostinhote, de quem já falei em outro texto. Continuando, vinha a casa do Sr. Romeu e família e mais abaixo, passando um furo que tem ali, era a casa do Sr.Francisco Roça e família, que tinha duas filhas muito bonitas, a loura era a Oscarina e a morena Osmarina.
Remando mais pra baixo um pouco vinha a casa do Zeato, paí do Jânio que mora em Ponta de Pedras e é dono de um salão de festas.
Finalmente chega-se ao Igarapé Jenipaúba onde morava a D. Virgina Mãe dos Serras, que vivem andando por aí.
Aquela pessoa mais afoita pode querer saber para que serve tudo isso que escrevi, é simples: somente para lembrar. Acho que damos pouco valor para as pessoas que conviveram próximas a nós, não somente os familiares, também os amigos, os vizinhos; lembrar os jovens da nossa época é muito interessante, isso é contar nossa história. Ando por Ponta de Pedras e nota que a memória do nosso Município aos poucos está sumindo com o tempo, não temos o hábito de registrar a história do  nosso lugar. Pessoas que marcaram época na vida pontapedrense foram ou estão sendo esquecidas ao longo do tempo e escrever sobre eles é a única forma de deixarmos registrado que essas pessoas de alguma forma foram importantes para nós e este é o verdadeiro motivo do presente texto!
Pensem nisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário