Dia 23 de novembro deste ano, o Governador do Estado do Pará, Sr.Simão
Jatene, reunido com os prefeitos da Ilha de Marajó, eleitos em outubro passado,
anunciou um investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões de reais nos
municípios da Ilha. Essa verba virá de apoio em operações de crédito conquistado
recentemente, segundo a nota que li na imprensa.
Afuá, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Muaná, Ponta de Pedras, Portel,
Santa Cruz do Arari e São Sebastião da Boa vista, serão aquinhoados com aeródromos,
que são pequenos aeroportos.
Breves, Curralinho, Ponta de Pedras, Salvaterra, Bagre e São Sebastião
da Boa Vista, ganharão plataformas e terminais hidroviários.
Naquela oportunidade o Governador disse “Queremos acabar com aquela
história de não ser mais possível chegar a um município da Ilha do Marajó
devido à dificuldade de locomoção”.
Reunião do Governador Simão Jatene com os prefeitos Marajoaras,
eleitos em 2012.
Reunião do Governador Simão Jatene com os prefeitos Marajoaras,
eleitos em 2012.
Se eu comentasse isso com a D. Iaiá, minha avó, certamente ela diria: Hummm! Tá é bom, cavalo dado num se olha os dentes. Eu concordaria plenamente
com ela.
No entanto, se olharmos para o montante de dinheiro que será investido
(será mesmo?) e, se tivermos um mínimo de conhecimento dos municípios
marajoaras, fica a pergunta: Mas é disso que os municípios marajoaras estão
necessitando com mais urgência? A resposta seria inevitavelmente NÃO!
Os aeródromos são necessários, não se discute isso, mas a população
certamente fará pouco uso de tamanho investimento, porque como todos sabem o
poder aquisitivo da população marajoara é relativamente baixo. Será muito útil
para evacuar um doente, transportar pessoas que podem arcar com as despesas do
aluguel de pequenas aeronaves ou mesmo políticos em época de eleições que irão
pedir votos para aquele pessoal sofrido, porque, sinceramente, não acredito que
uma empresa de aviação faço trafego de passageiros comercialmente para os municípios
marajoaras.
Dos municípios que irão receber plataformas e terminais hidroviários,
seis no total, conheço seus acessos por água relativamente bem, porque durante
meu trabalho, usava as instalações municipais para atracar a embarcação da
Marinha em que viajava, ficando por alguns dias, com exceção de Salvaterra que
atracávamos em Camará.
Pois bem, Breves tem um bom atracadouro, com terminal hidroviário já
instalado, pode necessitar reforma. Curralinho tem um trapiche de concreto;
Ponta de Pedras dispensa comentários; Salvaterra, conforme falei anteriormente,
usávamos o Porto de Camará, onde atracam as balsas que transportam os carros indo
de Belém e, por rodovia, pode-se chegar até Soure passando por Salvaterra, não
custa lembrar que para chegar-se a Soure com os carros, deve-se atravessar em
mais uma balsa. Bagre, o movimento de embarcação é muito pequeno, o que é
difícil é a entrada por causa do baixio que fica na entrada no rio que da
acesso à Cidade e São Sebastião da Boa Vista tem um trapiche de madeira. Posso
assegurar-lhes que é por via fluvial que a maior parte da população marajoara
se locomove em condições normais e se for necessário viajar de avião, em caso
de emergência, será a Prefeitura que arcará com as despesas, como normalmente é feito.
O que estranhei muito foi Anajás não receber nenhum mimo, porque, além
de ficar longe da capital do Estado, Belém, certamente é um dos Municípios mais
carente da Ilha, mas tudo bem, política é política.
Mas aí, se tudo está bom, o que fazer com o dinheiro, perguntariam os
mais afoitos. Bem, nesse momento é que entram os assessores que conhecem as carências daquele pessoal para sugerir
melhor o emprego das verbas, principalmente nos itens que efetivamente
beneficiem a todos munícipes; como no abastecimento d’água de boa qualidade; um
bom hospital, localizado num ponto que posso atender vários municípios;
SANEAMENTO BÁSICO carente em TODOS os municípios marajoaras e principalmente um
TERMINAL DE PASSAGEIROS EM BELÉM, onde os barcos indo/vindo do Marajó possam atracar
na plataforma, não como acontece hoje, em que alguns atracam no Posto Santa
Efigênia e os passageiros são obrigados a passar por cima de vários barcos que,
atracados na plataforma, descarregam todo tipo de carga, dificultando o
embarque/desembarque das pessoas, principalmente idosos, senhoras grávidas e
doentes, já tendo ocorrido até casos de mortes, dado a grande dificuldade de
transitar por cima dos barcos. Às vezes, quando a maré está seca, ficam muito
baixo em relação ao trapiche. Talvez a única exceção seja os barcos que viajam
para Breves, por pertencerem à empresa Bom Jesus, atracam num porto de propriedade
da empresa, que fica lá na estrada nova, os demais barcos de passageiros indo/vindo
de municípios marajoaras, atracam em portos particulares em péssimas condições
de uso. Essa dádiva para os habitantes da Ilha do Marajó, sim, faria um bem
enorme a todos.
As decisões políticas são bastante complicadas, às vezes controversas,
porque certos políticos, detentores do poder e alheios às reais necessidades do
povo, tomam decisões nem sempre as melhores para certas ocasiões, aplicam o
dinheiro público sem um prévio estudo das reais necessidades da população e com
isso, nossos municípios em nada melhoram, mas o dinheiro, esse sim, é utilizado,
só que mal empregado. Sinceramente, é uma pena.
Pensem nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário