quarta-feira, 20 de maio de 2015

A CULTURA DE PONTA DE PEDRAS E SEUS TALENTOS.

Geralmente Ponta de Pedras é tratada como “A Princesinha do Marajó”,  não sei o motivo dessa associação. Acho que não seja pela riqueza, beleza, nem tradição, mas deve ter algum motivo. O certo é que de vez em quando, vemos nossa Cidade ser tratada assim. Não pode ser o Município senão seria príncipe. Certo ou errado Ponta de Pedras continuará sendo “A Princesinha do Marajó”. Para mim, que estou no mutá, longe do palco e dizem que, quem olha de fora ver melhor, acho que Ponta de Pedras poderia ser associada aos inúmeros talentos que existem no Município. Digo isso porque basta aparecer uma oportunidade e os talentos afloram, como se alguns, estivessem escondidos atrás de alguma toiça de açaí e aparecessem repentinamente para se juntar aos demais existentes no Município. Isso é indício da grande quantidade de pessoas talentosas que temos.
Na música, temos a Associação Musical Antônio Malato (AMAM), que poderia ser mais conhecida e maior em termos de intercâmbio, podendo gerar até recursos para o Município, principalmente se fosse melhor aproveitada, tivesse um bom espaço para suas apresentações, como um prédio adequado, onde fosse possível a realização de eventos musicais e uma programação anual com melhor divulgação.
No cinema, houve a produção de alguns filmes de curta duração, mas de boa aceitação e que se não foi pra frente, talvez seja por falta de recursos.
Na fotografia, temos pessoas que fazem bons trabalhos e que precisam de oportunidades para divulgar sua arte.
Recentemente, no FB, vi alguns conterrâneos lamentarem a possível  falta que um artesão chamado Anaias Freitas fará para o Município caso venha desaparecer, pois pelo visto, poucos pontapedrenses tiveram oportunidade de aprender seu ofício.
Lembro que o Sr. Messias, Pai do Capivara e do Fandango, que sabia fazer rabeca, mas que ao falecer, levou consigo aquele conhecimento porque ninguém se preocupou em passar sua arte para os mais novos. Hoje alguns conterrâneos, principalmente os mais novos, sequer ouviram o som de uma rabeca. Para esses, que não conheceram o Sr. Messias e nem ouviram o som do instrumento, abaixo um vídeo sobre a arte de se fazer uma rabeca bem como o som do instrumento tocado por diversos profissionais, mas principalmente pelo rabequeiro mais importante do Brasil, Nelson da Rabeca, de Lagoas. Dessa forma, alguns dos meus conterrâneos têm conhecimento do instrumento que  provavelmente inexiste quem faça e poucos saibam tocar em Ponta de Pedras.
Temos outros talentos, como a Sra Joana residente no Município que faz trabalhos manuais com folhas de inajá, inclusive ainda comprei, ali perto do King Bar, um porta canetas feito pela artesã.
                                               Trabalho feito pela artesã Joana, de Ponta de Pedras. 
Recentemente, por ocasião do aniversário do Município, foi possível ver os trabalhos dos artesãos que participaram dos eventos promovidos pela Prefeitura Municipal. Infelizmente não foi possível conhecer todos participantes e seus trabalhos porque ninguém se importou em divulgar, apenas os primeiros colocados aparecerem em foto, juntamente com a Secretária e o Diretor de Cultura do Município que provavelmente foram os responsáveis pela organização do evento.
O ideal seria que tivesse uma melhor divulgação dos participantes, com nome, obra e uma pequena descrição da mesma, contudo, por não entender de eventos culturais, não sei se isso é possível nem cabível para esses eventos.
Ainda existem talentos no teatro, principalmente de rua que em épocas passadas faziam apresentações de cordões por ocasião das festas juninas, encenando peças escritas por residentes no Município e que ainda hoje se encontram por ai, mas falta-lhes incentivos e oportunidades para reaver aqueles bons momentos da cultura pontapedrense que parece ter caído no esquecimento.
Olhando por outro ângulo, quem sabe esse não seja um setor que, como a música, possa surgir grandes talentos, tipo exportação? Temos que levar em consideração que os trabalhos apresentados por ocasião do aniversário do Município, foram feitos por pessoas sem um curso sobre o assunto, sem uma orientação profissional e mesmo assim, os trabalhos feitos por não profissionais, pelo menos para mim, estavam bons. Logo, se os participantes, tivessem passado antes por alguma escola ou oficina, provavelmente seus trabalhos seriam bem melhores. Será que alguém já pensou nisso?
              Trabalhos que concorreram por ocasião do aniversário de Ponta de Pedras em 2015.                                       (copiados do FB da Prefeitura Municipal de Ponta de Pedras)
Acho que nosso Município tem inúmeros talentos prontos para brilharem com seus trabalhos, seja em madeira, barro ou outra expressão artística, o que falta é a Prefeitura, através da Secretaria de Cultura criar projetos envolvendo essas pessoas.
Claro, levará algum tempo para se colher algum fruto, pois é necessário enviar esse pessoal para algum liceu ou chamar algum profissional, como se fez com o Mestre Martinho nos primórdios da AMAM.
O pessoal que tem como atribuição cuidar da cultura do Município, poderia pensar em criar um centro de Cultura Municipal, primeiro lutando para conseguir erguer, mesmo a longo prazo, uma escola onde se pudesse aprender ou desenvolver habilidades voltadas para a cultura e segundo, nessa escola, organizar oficinas onde profissionais, a convite, assim como acontece com a AMAM, pudessem levar e adquirir conhecimentos. Certamente teriam inúmeros jovens e mesmo adultos interessados e que poderia, no futuro, ser mais uma fonte de renda para os artesãos pontapedrenses e mesmo para o Município.
Em recente visita ao Jalapão, estive na Comunidade de Mumbuca,no Município de Mateiros (TO) e verifiquei que a comunidade sobrevive praticamente dos trabalhos artesanais feitos com capim dourado, abundante na área e muito valioso quando transformado em artesanato. Os artesãos trabalham sob a orientação de uma ONG e juntos expõe suas obras numa casa reservada só para esse fim, que eles chamam de loja e cada artesão expõe sua peça, previamente identificada com o nome do proprietário, nome da peça e, quando vendida pela gerente, que é uma das artesãs da comunidade, o dinheiro é entregue para o proprietário da obra. 
     Trabalhos em capim dourado produzido e vendido na Comunidade de Mumbuca.
Procedimento que poderia ser perfeitamente adotado em Ponta de Pedras, mas para isso, é preciso, antes, criar projetos visando melhorar a formação dos munícipes interessados em abraçar a arte, incentivar e orientar os artesãos a organizarem-se em cooperativa e dessa forma, obras serão produzidas, os ganhos aparecerão e certamente mais talentos certamente aparecerão em Ponta de Pedras que, poderá obter bons ganhos com essa iniciativa. 

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