Geralmente Ponta de Pedras é tratada como “A Princesinha do
Marajó”, não sei o motivo dessa
associação. Acho que não seja pela riqueza, beleza, nem tradição, mas deve ter
algum motivo. O certo é que de vez em quando, vemos nossa Cidade ser tratada
assim. Não pode ser o Município senão seria príncipe. Certo ou errado Ponta de
Pedras continuará sendo “A Princesinha do Marajó”. Para mim, que estou no mutá,
longe do palco e dizem que, quem olha de fora ver melhor, acho que Ponta de
Pedras poderia ser associada aos inúmeros talentos que existem no Município. Digo
isso porque basta aparecer uma oportunidade e os talentos afloram, como se
alguns, estivessem escondidos atrás de alguma toiça de açaí e aparecessem
repentinamente para se juntar aos demais existentes no Município. Isso é
indício da grande quantidade de pessoas talentosas que temos.
Na música, temos a Associação Musical Antônio Malato (AMAM),
que poderia ser mais conhecida e maior em termos de intercâmbio, podendo gerar
até recursos para o Município, principalmente se fosse melhor aproveitada,
tivesse um bom espaço para suas apresentações, como um prédio adequado, onde
fosse possível a realização de eventos musicais e uma programação anual com
melhor divulgação.
No cinema, houve a produção de alguns filmes de curta
duração, mas de boa aceitação e que se não foi pra frente, talvez seja por
falta de recursos.
Na fotografia, temos pessoas que fazem bons trabalhos e que
precisam de oportunidades para divulgar sua arte.
Recentemente, no FB, vi alguns conterrâneos lamentarem a
possível falta que um artesão chamado Anaias
Freitas fará para o Município caso venha desaparecer, pois pelo visto, poucos
pontapedrenses tiveram oportunidade de aprender seu ofício.
Lembro que o Sr. Messias, Pai do Capivara e do Fandango, que sabia
fazer rabeca, mas que ao falecer, levou consigo aquele conhecimento porque ninguém
se preocupou em passar sua arte para os mais novos. Hoje alguns conterrâneos,
principalmente os mais novos, sequer ouviram o som de uma rabeca. Para esses,
que não conheceram o Sr. Messias e nem ouviram o som do instrumento, abaixo um
vídeo sobre a arte de se fazer uma rabeca bem como o som do instrumento tocado
por diversos profissionais, mas principalmente pelo rabequeiro mais importante
do Brasil, Nelson da Rabeca, de Lagoas. Dessa forma, alguns dos meus
conterrâneos têm conhecimento do instrumento que provavelmente inexiste quem faça e poucos saibam
tocar em Ponta de Pedras.
Temos outros talentos, como a Sra Joana residente no
Município que faz trabalhos manuais com folhas de inajá, inclusive ainda
comprei, ali perto do King Bar, um porta canetas feito pela artesã.
Trabalho feito pela artesã Joana, de Ponta de Pedras.
Recentemente, por ocasião do aniversário do Município, foi
possível ver os trabalhos dos artesãos que participaram dos eventos promovidos
pela Prefeitura Municipal. Infelizmente não foi possível conhecer todos
participantes e seus trabalhos porque ninguém se importou em divulgar, apenas
os primeiros colocados aparecerem em foto, juntamente com a Secretária e o Diretor
de Cultura do Município que provavelmente foram os responsáveis pela
organização do evento.
O ideal seria que tivesse uma melhor divulgação dos
participantes, com nome, obra e uma pequena descrição da mesma, contudo, por
não entender de eventos culturais, não sei se isso é possível nem cabível para
esses eventos.
Ainda existem talentos no teatro, principalmente de rua que
em épocas passadas faziam apresentações de cordões por ocasião das festas
juninas, encenando peças escritas por residentes no Município e que ainda hoje
se encontram por ai, mas falta-lhes incentivos e oportunidades para reaver
aqueles bons momentos da cultura pontapedrense que parece ter caído no
esquecimento.
Olhando por outro ângulo, quem sabe esse não seja um setor
que, como a música, possa surgir grandes talentos, tipo exportação? Temos que levar em
consideração que os trabalhos apresentados por ocasião do aniversário do
Município, foram feitos por pessoas sem um curso sobre o assunto, sem uma
orientação profissional e mesmo assim, os trabalhos feitos por não profissionais,
pelo menos para mim, estavam bons. Logo, se os participantes, tivessem passado
antes por alguma escola ou oficina, provavelmente seus trabalhos seriam bem
melhores. Será que alguém já pensou nisso?
Trabalhos que concorreram por ocasião do aniversário de Ponta de Pedras em 2015. (copiados do FB da Prefeitura Municipal de Ponta de Pedras)
Acho que nosso Município tem inúmeros talentos prontos para
brilharem com seus trabalhos, seja em madeira, barro ou outra expressão
artística, o que falta é a Prefeitura, através da Secretaria de Cultura criar
projetos envolvendo essas pessoas.
Claro, levará algum tempo para se colher algum fruto, pois é
necessário enviar esse pessoal para algum liceu ou chamar algum profissional,
como se fez com o Mestre Martinho nos primórdios da AMAM.
O pessoal que tem como atribuição cuidar da cultura do
Município, poderia pensar em criar um centro de Cultura Municipal, primeiro
lutando para conseguir erguer, mesmo a longo prazo, uma escola onde se pudesse
aprender ou desenvolver habilidades voltadas para a cultura e segundo, nessa
escola, organizar oficinas onde profissionais, a convite, assim como acontece
com a AMAM, pudessem levar e adquirir conhecimentos. Certamente teriam inúmeros
jovens e mesmo adultos interessados e que poderia, no futuro, ser mais uma
fonte de renda para os artesãos pontapedrenses e mesmo para o Município.
Em recente visita ao Jalapão, estive na Comunidade
de Mumbuca,no Município de Mateiros (TO) e verifiquei que a comunidade
sobrevive praticamente dos trabalhos artesanais feitos com capim dourado,
abundante na área e muito valioso quando transformado em artesanato. Os
artesãos trabalham sob a orientação de uma ONG e juntos expõe suas obras numa
casa reservada só para esse fim, que eles chamam de loja e cada artesão expõe
sua peça, previamente identificada com o nome do proprietário, nome da peça e,
quando vendida pela gerente, que é uma das artesãs da comunidade, o dinheiro é
entregue para o proprietário da obra.
Trabalhos em capim dourado produzido e vendido na Comunidade de Mumbuca.
Procedimento que poderia ser
perfeitamente adotado em Ponta de Pedras, mas para isso, é preciso, antes, criar
projetos visando melhorar a formação dos munícipes interessados em abraçar a
arte, incentivar e orientar os artesãos a organizarem-se em cooperativa e dessa
forma, obras serão produzidas, os ganhos aparecerão e certamente mais talentos
certamente aparecerão em Ponta de Pedras que, poderá obter bons ganhos com essa
iniciativa.
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