06/05/2015
De 2 a 5 de maio ocorreu o 11º
Encontro de Parteiras Tradicionais do Médio Solimões, na cidade de Tefé (AM). O
evento é uma iniciativa do Instituto Mamirauá, com o objetivo de discutir temas
como a organização do grupo de parteiras, aproveitando a oportunidade para
treinamentos e revisões sobre a importância do pré-natal e das técnicas de
reanimação neonatal.
Parteiras, profissionais da saúde
e técnicos e pesquisadores do Instituto Mamirauá participaram das atividades,
que têm o apoio do Ministério da Saúde; da Secretaria de Estado de Saúde
do Amazonas; da Sociedade Brasileira de Pediatria; do Distrito Sanitário
Especial Indígena de Tefé; das Prefeituras de Tefé, Alvarães, Uarini e Maraã e
da Associação de Moradores e Usuários da Reserva Mamirauá. O trabalho das
parteiras envolve a proximidade e o respeito à mãe e ao recém-nascido, sendo
fundamental para esforços de humanização do parto.
“O Programa Qualidade de Vida, do
Instituto Mamirauá, trabalha com ações de educação em saúde. Este é um tema
amplo, e as parteiras estão dentro desse contexto. Elas representam uma peça
importante nas comunidades onde elas estão atuando. Desde 2001, por meio do
Encontro de Parteiras, e junto com as Secretarias Municipais de Saúde da
região, buscamos que elas estejam integradas no sistema de saúde, sendo
reconhecidas e valorizadas”, afirma Maria Mercês da Silva, do Instituto
Mamirauá.
No primeiro dia do encontro, o
grupo discutiu o papel da parteira, o seu perfil e a importância da atividade
para o Sistema Único de Saúde, o SUS. Luciana Fonseca, do Ministério da Saúde,
conduziu essas discussões. “Desde 2000 o Ministério da Saúde trabalha com
parteiras tradicionais. De lá para cá nos aproximamos dessas mulheres,
participando de oficinais de troca de saberes, como essa. As parteiras são
apoiadoras do sistema público de saúde, e são referências comunitárias
importantíssimas, que podem contribuir para a saúde das mulheres e das
crianças. Buscamos entender de que maneiras elas trabalham para saber como podemos
apoiá-las, por meio de políticas públicas eficientes”, comenta Luciana.
Nos dias seguintes, atividades
práticas trataram do pré-natal, de problemas de saúde que as mulheres e os
fetos podem enfrentar, além de discutir complicações no parto e no pós-parto.
Esses temas reforçam as práticas das parteiras, melhorando ainda mais o
atendimento que elas já prestam. “Eu gosto muito de vir para esses encontros.
Já aprendi muita coisa com as outras parteiras. A gente não pode achar que é
sabida, porque a gente tem que vir para aprender com as outras, com os
professores. O que eu sei, às vezes a outra não sabe. Eu ensino para ela, ela
já me ensina outra coisa. Por isso que eu não perco os cursos”, diz a parteira
Raimunda Ivanilde de Souza, que faz partos desde os 15 anos de idade.
No dia 5 de maio, data na qual se
comemora o Dia Internacional das Parteiras Tradicionais, ocorreu a 1ª Exposição
Cultural das Parteiras do Médio Solimões. A data foi instituída no ano de 1991,
pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de divulgar o parto
humanizado e diminuir os partos cesáreos. Houve venda de artesanatos, troca de
mudas de plantas medicinais e apresentações culturais. A ideia da Exposição é
apresentar as parteiras e seus saberes para a população. Além disso, também
apresentar os talentos delas. Como os de dona Raimunda, que antes mesmo de
começarem as atividades, já estava entoando suas canções: “Vamos, todas as
parteiras / Viemos, todas trabalhando / Para vermos como é / Quem se chega
nesse porto / Que se anda nessa rua da cidade de Tefé / Aqui chegamos / Todas
as parteiras / Que navegaram na linha do mar / E festejando, transbordando em
alegria / Dentro dos nossos corações / Festejando com Maria Helena / Para nos
dar satisfação / Dando vivas a das Dores / Vivas a Mercês e São João!”.
Texto: Vanessa Eyng
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