segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AS CARTAS.


Quando eu servia no Contratorpedeiro Piauí (D-31), cheguei a receber 12 cartas de pessoas diferentes num mesmo dia, certamente era um dos que mais recebia cartas no navio.
As cartas vinham de conhecidas e de pessoas que eu não conhecia pessoalmente.
Naquela época, como eu morava sozinho, comprava revistas como capricho, revista do esporte e na coluna cantinho da amizade, escolhia pessoas do sexo feminino que queriam correspondentes somente como amigos e escrevia para elas. As cartas não tinham nada de mais, comentávamos sobre trabalho, estudo, sobre a cidade em que morávamos e outras amenidades.
 Aquelas cartas serviam como amigos nas horas em que chegavam e ali mantínhamos longas “conversas”. Lembro de uma moça que escrevia 9/10 folhas e dava prazer em ler, assunto era o que não faltava.
Depois, com outras atribuições, parei de escrever mas foi um período muito bom, aprendi muito e principalmente peguei gosto pelo ato de escrever, que veio ajudar-me ao longo da minha carreira.
Hoje tudo é muito diferente, com a internet, as cartas ficaram relegadas a segundo plano, os e-mails da vida são mais simples e rápidos.As poucas vezes que escrevemos, dificilmente usamos aquele papel próprio para carta, onde tinha uma gravura de uma aeromoça na capa e dentro as folhas bem finas. Hoje é tudo no computador, já não se passa a limpo um rascunho, particularmente, eu era péssimo para passar a limpo, pois, toda vez que iniciava, eu escrevia um texto diferente, não tinha paciência.
O ato de escrever cartas, sem saber, ajudava muito a pessoa adquirir esse hábito tão saudável. Não fazia de ninguém um escritor, mas ajudava. Com o computador tudo ficou mais rápido, até a escrita, onde inúmeras abreviações próprias dos internautas tornam os textos bem reduzidos. Já vi um anúncio de curso próprio para internet.
Não temos dúvidas, a internet veio para ficar, só nos resta aprendermos o mínimo necessário para usufruirmos desse meio de comunicação fácil e relativamente barato, se considerarmos o custo-benefício. Contudo, as cartas, a escrita à mão como dizíamos, deixou uma grande saudade e aos poucos vamos deixando de treinar caligrafia como antigamente, acho que nem nas escolas encontramos aqueles célebres cadernos de caligrafia que usávamos para escrever com caneta com aquela ponta bem fina(caneta-tinteiro) molhada no vidrinho de tinta nankin.
É assim mesmo, sou só uma saudosista que insisto em lembrar do passado, mas que era gostoso escrever cartas, ah isso era!

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